Estamos caminhando para o terço final do outono e já registramos alguns dias de temperaturas mais baixas em Belo Horizonte. No mais frio deles, a mínima na madrugada foi de 10°C e a máxima da tarde não passou de 23°C. Outras frentes frias poderão surgir segundo os institutos de meteorologia. O frio faz pensar em quem não tem um lugar para se abrigar. Observando e analisando os dados do terceiro Censo de População de Rua de BH, realizado em 27 de novembro de 2013, cujos resultados foram divulgados pela Prefeitura em 30 de abril de 2014, alguns aspectos me chamaram mais fortemente a atenção.

Pessoa dorme dentro de agência bancária

Morando na rua, invisível para muita gente. Agência na Av. Avenida Alvares Cabral próximo à rua Curitiba. Foto: Sérgio Verteiro

Um deles foi o dado de que 1.827 pessoas estão vivendo nas ruas da cidade, significando um aumento de 52% em relação aos números apurados em 2006. Se olharmos para a linha do tempo, lá se vão sete anos. A região Centro-Sul tem 44% dessa população em seu território.

Vê-se também que 47% desses moradores dormem nos albergues municipais. Os outros  53% pernoitam nas ruas, como zumbis ou invisíveis para muita gente. Entre esses que ficam nas ruas, 34% não concordam com os regimentos internos dos albergues.

Outro aspecto que também chama muito a atenção é o envelhecimento dessa população. No primeiro Censo realizado em 1998, muitos jovens estavam nas ruas e a média de idade era de 30 anos. Já o atual Censo apresentou média de 51 anos de idade, provavelmente denotando alguma atuação para retirar os mais jovens das ruas.

Merece também um realce a afirmação de 94% dos entrevistados, quem mantém a esperança de sair das ruas via trabalho.

Fico na expectativa de que as informações obtidas sejam transformadas em conhecimento e que contribuam para as decisões que nortearão as políticas sociais do município e sem muita demora, pois, quanto pior, pior mesmo.

A Casa – Vinícius de Moraes

  Comentários
 
Sol nascendo atrás de uma montanha arborizada

Foto: Sérgio Verteiro

Este foi o raiar do Sol no domingo de Páscoa, 20 de abril de 2014. Estávamos em pleno outono. A fotografia foi tirada no distrito de Areão, município de Itacambira, norte de Minas Gerais, que dista 518 km de Belo Horizonte.

Itacambira tem área de 1.788,52 km² e está a 1.480 m de altitude. São quase 5 mil moradores, exatos 4.982 habitantes segundo o Censo do IBGE de 2010. O PIB per capita é R$ 4.960,45 e o IDH é 0,668. A cidade conta com nove vereadores, sendo que o máximo permitido é de 11.

Nascer do Sol em Itacambira/MG

Foto: Sérgio Verteiro

  Comentários
 

Fóruns, seminários, palestras discutem a mobilidade urbana, também presente nas propagandas oficiais e revistas, especializadas ou não. O termo fica “zumbindo” nas nossas cabeças.

BRT Move, monotrilho, trem metropolitano, anel rodoviário, BR-381, metrô (ou trem de superfície, no caso de BH) são temas e preocupações recorrentes quando se fala da logística para levar as pessoas de um lugar ao outro.

É preciso observar com mais atenção as condições em que acontecem esses deslocamentos.

Trem lotado visto da plataforma de embarque
Qual deve ser o nível de conforto aceitável e compatível com a dignidade humana?
Metrô lotado, foto dentro do vagão
Fotos: Sérgio Verteiro

O metrô de BH é o mesmo há muitos anos. Mesmas composições, mesmos horários. No último dia 22 um trem acoplado começou a circular, mas faz apenas duas viagens por dia. Só ganham volume, ao longo dos anos, as promessas de ampliação não cumpridas, a quantidade de passageiros, que cresceu mais de 13% só no ano passado, e o preço das passagens.

Nos horários de pico os vagões estão entupidos. Não dá nem pra comparar a latas de sardinhas, pois os peixes parecem mais confortáveis em suas embalagens. A lotação facilita o “encoxamento”, intencional ou não, e piora as condições de segurança.

Nessa altura, será que ainda encontraremos quem fale em legado da Copa diante da realidade, mostrada em fatos, fotos e dados?

  Comentários