Barulhos incomodam em Santa Tereza
O bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, se destaca e é reconhecido pela música, pelo ambiente cultural, pelo patrimônio histórico, pela gastronomia e pelo modo de vida de seus moradores. Apesar de tudo isso, não dá para esconder os problemas enfrentados pelo bairro, principalmente relacionados à segurança de bens e pessoas, ao trânsito e a barulhos de naturezas diversas. Aqui focaremos nos problemas ligados ao barulho e seus níveis de tolerância ao longo das 24 horas do dia. Atualmente tramita na Câmara Municipal de BH o Projeto de Lei nº 751/2013, que tenta flexibilizar os limites superiores de ruídos em certas atividades locais.
Quero destacar uma reunião feita por alguns moradores, habitantes de diferentes pontos do bairro, realizada na última quarta feira de abril, Dia Internacional da Conscientização Sobre o Ruído. A pauta era fazer um levantamento inicial dos barulhos que mais incomodam o grupo, numa espécie de mapeamento sonoro que tanta falta faz no combate aos ruídos de uma cidade.
O primeiro a falar foi um morador da Rua Conselheiro Rocha, que reside num trecho que beira a linha do trem de ferro e faz divisa com a Avenida dos Andradas. Segundo ele, diariamente entre dez da noite e seis da manhã mais de dez composições ferroviárias, algumas com até com 80 vagões e 5 locomotivas, passam pelo bairro fazendo um barulho ensurdecedor. Quem está dormindo geralmente acorda, já que a passagem do trem dura quase dez minutos e deixa a sensação de que não vai acabar mais. O horário mais difícil de retomar o sono é entre as 3h00 e 04h30 da madrugada, quando passam 3 das mais barulhentas composições, e rasgam o silêncio da madrugada.
Um segundo morador, que reside próximo ao “Alto dos Piolhos”, mencionou a altura do som em alguns bares e restaurantes, além da falação das pessoas quando deixam esses locais.
Um terceiro participante, morador da Rua Eurita há mais de vinte anos, disse, que com a coleta do lixo feita à noite, o caminhão para em frente à sua casa para fazer a compactação do material. O problema é que isso acontece três vezes por semana, sempre após as 23h.
A reunião prosseguia animada. Um morador provocou risadas ao contar o caso dos 3 cachorros de um vizinho que começam a latir no alpendre da casa logo no início da noite, quando ele sai para dar um passeio pela cidade. Os três só param de latir quando ele volta pra casa, o que é mais complicado nos finais de semana, quando ele volta só lá pelas 3 da madrugada. Haja política de boa vizinhança!
Uma quinta situação foi abordada quase que simultaneamente por quatro dos participantes. Eles sofrem muito com o barulho das motocicletas que são aceleradas com o escapamento aberto. Segundo eles, isso acontece principalmente nos dois sentidos da Avenida dos Andradas, entre as estações do metrô de Santa Efigênia e Santa Tereza.
A pauta foi encerrada com um relato sobre os cachorros que estão abandonados nas ruas Ângelo Rabelo, Capitão Procópio e Gabro. Eles latem a qualquer hora para pessoas, para outros animais, para motociclistas e condutores de veículos. O caos reina absoluto durante o dia e a noite.
O que fazer diante dos casos descritos? A reunião terminou sem que os participantes conseguissem dar um encaminhamento mais concreto e consequente às causas do barulho. Ficou a sensação de que os relatos dos casos de barulho tornaram-se uma terapia de grupo e nada mais. De qualquer maneira, ficou decidido que um novo encontro será marcado em data a ser definida e para a qual se tentará aumentar a quantidade de participantes para engrossar a luta. E foi cada um para o seu lado enquanto o alarme de um automóvel soava estridentemente nos ouvidos de todos.