Está fazendo um mês que o engenheiro Paulo Souza Júnior, o Paulinho Souza, celebrou seu aniversário de nascimento. Ele nasceu em Araxá, cidade eterna e capital secreta do mundo, e é o filho primogênito do Senhor Paulinho e Dona Lina.

A propósito da data o engenheiro, tecladista e pianista Paulinho Souza escreveu o capítulo 75, uma pensata abordando suas percepções nesse momento da vida.

Leia esse novo capítulo, na plenitude de sua sábia maturidade, postado a seguir:

CAPÍTULO 75

Na vastidão do espaço-tempo, que a cada dia se descobre ainda maior, é que me perco ao compreender que esta nossa terra nada mais é do que um minúsculo ponto no mapa do universo. É aí, neste isolado lugar, que o espetáculo da vida se faz presente, onde todo o amor e ódio, toda riqueza e miséria, todo céu e inferno se encontram – onde toda a paixão humana arde e se exaure.

Por mais ardorosos que sejam os nossos desejos de longevidade, daqui a um século e pouco, ninguém de nós que hoje vive restará. Tal como a terra no universo, a nossa insignificância neste mundo se comprovará. Mas ao enxergar esta nossa fragilidade é impossível não reconhecer a magnitude do presente divino que é a vida e do absurdo privilégio de se saber vivo neste aqui e agora. Enquanto meu tempo não se esgota, e no mínimo instante dele que ainda me reste, será sempre a hora de agradecer o milagre do acaso, a oportunidade única, a sorte imensa de conviver com todos vocês com quem pude sentir a dor e a delícia de ser o que sou!

Paulo Souza Junior – 11-04-2025

  Comentários
 

O Brasil visto de lado…

por Convidado 6 de maio de 2025   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Na época da ditadura militar, Vandré escreveu, como abertura de sua música Terra Plana, os seguintes versos: Meu senhor, minha senhora/ Me pediram pra deixar de lado toda tristeza/ Pra só trazer alegrias e não falar de pobreza/ E mais: prometeram que/ se eu cantasse feliz, agradava com certeza/ Eu, que não posso enganar, misturo tudo o que vivo/ Canto sem competidor, partindo da natureza do lugar onde nasci/Faço versos com clareza, à rima, belo e tristeza/ Não separo dor de amor/Deixo claro que a firmeza do meu canto vem da certeza que tenho/ De que o poder que cresce sobre a pobreza e faz dos fracos riqueza/ É que me fez cantador.

Foi um desabafo de um artista verdadeiramente patriota! Uma forma de expressar sua indignação com o sistema vigente. Realmente, caros leitores, ainda hoje, muitas coisas nos aborrecem.

E “Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”

Falta cor e energia neles. São um incentivo ao descrer, ao duvidar da bondade humana, e a ficar estarrecido com o cinismo de tantos vilões. O mundo está se transformando numa arena romana com poder, crueldade, covardia e afronta.

Sabem, quando fazemos uma brincadeira de dizer que estamos todos vendo uma camisa qualquer da cor vermelha, quando na verdade ela é azul? E aí chega uma nova pessoa no recinto e, propositalmente, fazemos a pergunta aos que já estavam presentes: — qual é a cor da camisa? E, para surpresa do que chegou agora, todos respondem que é vermelha. Naquele momento a gente sente que estão menosprezando nossa capacidade mais básica de compreensão.

Eu queria perguntar tantas coisas que não compreendo, mas não posso. Gera conflito, pois podemos ferir o “brio” e sermos mal interpretados por discordar de determinadas atitudes de quem defende a democracia atual.

Resolvi, então, abrandar minha tristeza ouvindo música boa, que só poderia ser antiga.

“Amanhã vai ser outro dia/ Hoje você é quem manda/ Falou, tá falado/ Não tem discussão, não/A minha gente hoje anda falando de lado / E olhando pro chão, viu/ Você que inventou esse estado/ E inventou de inventar/ Toda a escuridão/você que inventou o pecado/ esqueceu-se de inventar/ O perdão/”

Em minha nostalgia, busquei ainda outra música: Alegria, alegria.

“Caminhando contra o vento/ sem lenço sem documento/ no sol de quase dezembro/ eu vou…”

Já esta música, está desatualizada. Não se pode caminhar pelas ruas e parar nas praças do Brasil, sem sermos assaltados, agredidos incomodados e até expulsos pelos novos proprietários.

Mas, de repente, um alento, o jornal da TV e as propagandas políticas nos falam de um Brasil sem fome, de uma democracia com ares à frente de nosso tempo, (talvez por isso ainda não tenha sido compreendida), com recordes de impostos (que maravilha), contenção de gastos, princípios de igualdade em plena recuperação, depois de ter recebido uma administração desastrosamente sem dívidas. E, graças a Deus, não há mais miséria, nem queimadas na Amazônia, e os Yanomamis já não têm óbitos. Não é preciso mais músicas para salvar a floresta. Os cantores e artistas heróis, que com tanto ardor e amor pela pátria, defenderam aquelas matas, já podem se dedicar aos seus trabalhos com o apoio merecido da Lei Rouanet.

Agora, sem inflação, sem desemprego, cesta básica acessível, saúde para todos e com medidas severas que acabaram com a fome, e com a corrupção, conforme anunciado repetidas vezes, estamos mais tranquilos. Tanto é que CGU fechou o departamento de combate à corrupção.

Enfim, nos resta constatar e acreditar que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe (embora demore).

 

Sérgio Marchetti

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

Glossário

por Convidado 2 de abril de 2025   Pensata

por Sérgio Marchetti*

Um menino de dez anos de idade perguntou ao seu avô o que era sabedoria. O avô, achando curiosa tal pergunta, redarguiu: — por que quer saber sobre isso?  O neto lhe respondeu que ouviu o pai de um colega falar aquela palavra. Bem, disse o avô: — na minha maneira de entender, a sabedoria é a capacidade que algumas pessoas adquirem quando suas almas, espíritos e consciência se encontram num alinhamento quase perfeito.  E o menino, interessado, quis saber se a sabedoria era um privilégio de pessoas mais velhas. E obteve a resposta de que não necessariamente, mas pessoas maduras passaram por experiências que os ajudam a conhecer e prever quando uma ideia ou alguma atitude não terá sucesso. Mas, ressaltou, alguns jovens nos surpreendem com sua sabedoria.

O jovenzinho, depois de um tempo de silêncio, disse ao avô que estava com muitas dúvidas depois daquele diálogo. — Agora, quero saber:  alma não é a mesma coisa de espírito? E índole, o que quer dizer? — Você está me deixando apertado. Vamos ver: segundo a Bíblia, alma é a personalidade individual, o seu jeito de ser, de ver a vida e conviver. Já o espírito é a parte da pessoa que está ligada a Deus, que creio, também é espírito.  — Mas e índole e caráter? — Caráter é medido pelas atitudes que as pessoas têm. O “bom-caráter” é uma pessoa verdadeira, honesta, incorruptível, justa e bondosa. E índole é bem parecido com caráter.  Na verdade, é uma qualidade do caráter. — As pessoas nascem com boa índole, vovô? Particularmente, penso que a genética pode influenciar, mas filósofos, como Durkheim, dizem que o homem é produto do meio. É um tema polêmico, mas a educação, o lugar que vive, as crenças, no meu modo de ver, podem afetar bastante — completou o avô. — E essa palavra que o senhor falou: incor…ruptível? — É quem não é corrupto, que não se vende, não engana, não rouba. É quem tem ética… — Então, interrompeu o menino, é quem não é bandido, não é!? — É mais ou menos isso, concluiu o idoso.

Ambos ficaram pensativos. Cada qual com a alma viajando pelo seu mundo que é diferente do mundo de todos. De repente, o menino lança mais uma pergunta: — o que é felicidade? —  Primeiro, vamos nos lembrar que as pessoas precisam de coisas diferentes para serem felizes. A felicidade é um estado da alma, uma maneira de ver e sentir a vida. É, como diria Milan Kundera, “A Insustentável Leveza do Ser”. É um estado de temperança, de sobriedade e de completude. Em resumo, é gostar de si mesmo. — E isso é fácil de conseguir?  — Perguntou o menino. — A felicidade é uma benção que rebemos de Deus. E Ele nos permite ver as belezas do mundo olhando para o mesmo lugar que outras pessoas olham, mas não veem o belo. Um ser humano feliz compreende quando o outro está triste. A pessoa feliz gosta das coisas que têm e não inveja a vida de terceiros. Eu não sou sábio, entretanto, quando vejo uma pessoa feliz, percebo que é bondosa, tem empatia e tem equilíbrio em sua ambição. Ser feliz é um estado permanente que enfrenta tristezas, perdas, decepções e tantos outros percalços, mas retorna ao seu estado natural. Para entender o que digo, imagine um rio seguindo seu curso. Num dia de tempestades será afetado pela enchente. Noutro dia será a seca e, depois, pelas mãos dos homens sem escrúpulos. E não para por aí, porém, mesmo com muitos obstáculos pelo seu leito, ele continua cumprindo sua missão, até que, num determinado momento, irá desaguar no mar. Uma pessoa feliz é como o rio que, sendo resiliente, aceita os percalços porque entende que fazem parte do caminho e, por ter amor no coração, encontra forças para superar as barreiras impostas pela vida. Mas, nunca se esqueça de que, de tudo, o mais importante é o amor que recebemos de Deus. E o verbo amar pode ser conjugado de várias formas, em todos tempos e com todas as pessoas do singular e do plural.

Sérgio Marchetti

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

De novo, o tempo…

por Convidado 10 de março de 2025   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Ouvi de um amigo que, quando falamos que tempos atrás a forma de vida era melhor, muitas pessoas mais jovens não acreditam. Simplesmente dizem que é puro saudosismo e coisas de gente velha. Alguns chegam a afirmar que um mundo sem a tecnologia, jamais poderia ter sido melhor.

Também, segundo meu amigo, dizem que o desconforto de ter que sair de casa para fazer quaisquer compras, pagamentos, saques era algo desagradável.

Acredito que todos os tempos apresentem suas vantagens e possam registrar fatos inesquecíveis e maravilhosos. Mas como tudo tem um “porém”, sempre haverá coisas positivas e negativas em cada um deles.

Quanto ao fato de ter que sair de casa para realizar qualquer tarefa, realmente era, é, e será bastante cansativo. Isso além, obviamente, de ter um acúmulo de tempo perdido.

Agora, sem perda de tempo, (como dizia Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, personagem de Dias Gomes em sua obra O Bem-Amado) “deixando os entretantos de lado e indo direto aos finalmentes”, a tranquilidade foi uma característica do passado que permaneceu por dezenas de anos, assim como a segurança. É difícil que um pré-adolescente imagine o que era sair pelas ruas na maioria avassaladora das cidades, em qualquer horário, e não ter receio nem possibilidade de ser assaltado. Também não acreditaria se disséssemos que ladrão era um ser desprezível e rejeitado pela sociedade. Não daria crédito se contássemos a ele que pessoas mentirosas eram malvistas e que, se mentissem profissionalmente ou divulgassem notícia falsa, seriam demitidos e, até mesmo, presas. E corrupção era palavra tão pouco falada que muita gente não a conhecia. Atualmente é aceita e justificada.

E a palavra de um homem? Valia mais do que quaisquer documentos assinados. É verdade, moçada! (Ah! Esqueci que a moçada não lê).

E, já que estamos no carnaval, o que vocês, estimados leitores, diriam sobre os antigos carnavais? Os jovens de hoje diriam ” nada a ver”.

Concordo plenamente. Comparados ao que vemos hoje, são absolutamente coisas distintas.

Um clube com salão, uma ou duas bandas, sambas, marchinhas carnavalescas, e algumas músicas inéditas, mesas, garçons, banheiros (nada químico), pessoas bonitas, bem vestidas (vestidas, hein!), com fantasias elegantes enfeitando o local e nossas visões. E fiquem pasmados, tinha seguranças nos protegendo de quaisquer anormalidades e acalmando os bêbedos que passavam do limite. Será que o conforto naquela situação era “nada a ver”?

Não se exaltem! Aprendi que para viver bem nesses novos tempos de falência de seriedade e da consciência crítica, devemos dar razão a todas as opiniões, gostos, religiões e ideologias. Também, conformado, cheguei à conclusão de que minha opinião não vai mudar o mundo.

Fiquei mudo, surdo e cego. Ouço barbaridades e não me manifesto se não for obrigado.

Vejo coisas que em tempos passados seriam aberrações e finjo não ver.

Confesso que nunca imaginei que adotaria os três macaquinhos que tapam os ouvidos, a boca e os olhos, porém em alguns casos é a opção mais plausível.

A experiência nos ensina a simplificar, evitar o confronto e a animosidade. A vivência nossa de cada dia nos proporciona tomar decisões mais acertadas, simplesmente porque já vimos aquele filme e sabemos o seu final. Não ficamos para trás como pensam, ao contrário, estamos bem à frente. Estamos aqui há mais tempo. Adquirimos uma visão sistêmica que as novas gerações só compreenderão, se compreenderem (?), quando se tornarem velhos cidadãos.

Talvez naquele momento descubram que somente o tempo nos permite saber que “o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”.

Sérgio Marchetti

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

O Relógio do Fim do Mundo

por Convidado 4 de fevereiro de 2025   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Não é novidade ouvir falar em apocalipse. Aliás, se é algo que os veículos de comunicação não nos deixam esquecer é que há finitude para nós, individualmente, e para nosso planeta.  Conforme o sexagésimo sexto livro da Bíblia e vigésimo sétimo do Novo Testamento, podemos acompanhar a “revelação de Jesus Cristo” dada ao apóstolo João, por Deus, prevendo o fim dos tempos.

Mas, tal evento ocorreria somente se a humanidade estivesse procedendo contra os princípios divinos. Aí é que reside perigo…

Caminhando por outras veredas, existe um relógio, criado em 1947 pelo Boletim dos Cientistas Atômicos, batizado de Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock) que é um símbolo que representa o quão próximo a humanidade está de uma catástrofe global. Meia-noite simboliza o colapso civilizacional, e os minutos que restam indicam o nível de perigo. Inicialmente, o foco era o risco de uma guerra nuclear que, sem sombra de dúvida, aniquilaria o planeta. Com o tempo, outros fatores como mudanças climáticas, biotecnologia e inteligência artificial descontrolada passaram a ser considerados.

Desde sua criação, os ponteiros do relógio foram ajustados mais de 20 vezes. Em 1991, após o fim da Guerra Fria, marcava 17 minutos para a meia-noite, o mais distante já registrado. Porém, em 2023, o relógio atingiu 90 segundos para a meia-noite, o menor tempo da história. Por qual motivo? Tensões geopolíticas, arsenal nuclear crescente, pandemias e desastres climáticos.

O que mais me entristece, leitores de plantão, é que em tudo tem a mão do homem causando e acelerando, num desvario inexplicável, a destruição da terra e da vida. O relógio não é uma bola de cristal, nem prevê o futuro, mas serve como um alerta para que governos, empresas e cidadãos tomem medidas urgentes para garantir a sobrevivência da humanidade. A grande questão que fica é: seremos capazes de afastar os ponteiros do colapso ou continuaremos a caminhar rumo à destruição?

Pena que tantos órgãos, veículos e instrumentos de comunicação prefiram criar narrativas, endeusar ou destruir artistas, autoridades e personalidades, em vez de cumprirem eticamente seus papeis de informar, influenciar positivamente e de gerar programas educacionais para que os cidadãos exerçam seus direitos, e também seus deveres de preservar a terra e a vida daqueles que ainda estão por vir. Pequenas mudanças individuais e grandes decisões globais podem alterar o rumo da humanidade. O Relógio do Juízo Final nos lembra que ainda há tempo para agir, mas ele também nos alerta que a inércia e a ganância podem custar a nossa destruição.

Diante desse cenário, é essencial refletirmos sobre nosso papel nessa contagem regressiva. Será que estamos realmente atentos ao impacto de nossas ações? O que podemos fazer para que as autoridades tomem as atitudes  necessárias?

 

Sérgio Marchetti

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

por Sérgio Marchetti*

— Senhores passageiros e tripulantes da aeronave Brasil 2025, modelo A-PT 013, quem lhes fala é a comissária chefe de cabine. Favor afivelarem os seus cintos e permanecerem quietos em seus lugares. Sinto muito, mas embora meu desejo seja de que tenhamos uma boa viagem, o tempo está carregado de nuvens que indicam tempestades, raios e turbulências. O cenário não nos é favorável. Todos os instrumentos constantes do six-pack nos indicam que estamos desgovernados…

Senhores passageiros, digo, leitores, eu quero acreditar que poderemos ter um ano melhor, mesmo que os indicadores econômicos “reais” informem que a situação não está favorável. E, para isso, temos que planejar ações e reações que nos possibilitem obter sucesso em nossos objetivos. Será importante saber usar de estratégias adequadas ao momento, pois sentimentos fortes como paixão, ideologia, religião entre outras crenças podem confundir a interpretação da realidade. Como exemplo, posso citar uma equipe de futebol que, mesmo tendo um plantel fraco tecnicamente, acredita que pode ser campeã. Não estou falando do América de Minas, mas se você, leitor desportista, pensou nele, diria que acertou em sua divagação.

Voltando ao planejamento, é fundamental que conheçamos o cenário para trabalharmos com os recursos, pessoas, ferramentas e condutas corretas.

Assim, conforme prega Sun Tzu no livro “A arte da Guerra”, temos que saber quando retroceder, em que momento parar e, especialmente, quando investir sobre os inimigos e vencê-los. Não estamos em guerra, mas viver é um jogo que requer muita habilidade, perspicácia e visão apurada de cada movimento do tabuleiro.
Há exagero no meu conselho? Digo que não. Em outra oportunidade, creio que já tenha falado sobre as estratégias para sobreviver no mundo focalizando-o de forma geral. Também já utilizei da medicina para demonstrar minha tese. Um médico quando recebe sua visita, sabe que aquela pessoa está sentindo algo fora de sua normalidade física e, por vezes, mental (estes últimos não têm muita consciência de sua enfermidade). Bem, a primeira atitude para se buscar melhoria é o reconhecimento de que está doente ou de que os resultados não são aqueles que gostaria. Devo lembrar que na comparação, um país também adoece.

Nem todas as previsões de início de ano devem servir como um lugar seguro que o destino irá nos guiar. “A cigana leu o meu destino. / Eu sonhei! / Bola de cristal, jogo de búzios, cartomante…” bela música, belo ritmo, mas os instrumentos podem fazer você “dançar”. É melhor e mais resguardado analisar as tendências e fazer uma retrospectiva para comparar como tem sido a evolução de tudo que nos importa e é essencial para uma vida tranquila e saudável.

Eu gosto de poesia, de paixão, de música e de outras expressões da arte que no passado foram utilizadas como forma de protesto. Mas a engenharia da vida exige aterramento, pés firmes no chão e planejamento para plantarmos algo mais duradouro que possa se estender não só por este ano, mas por muitos anos.

 

Sérgio Marchetti

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

Cartão de Natal

por Convidado 3 de dezembro de 2024   Pensata

por Sérgio Marchetti*

— Alô! Dezembro chegou trazendo mensagens de amor!

Desejos e propósitos expressos, renovação de energia, de fé e louvor.

Celebremos o amor, a emoção. Agradeçamos a Deus, de coração, pelo milagre da vida, pelo pão de cada dia e pela luz do sol que se irradia.

“Um clima de sonho se espalha no ar. Pessoas se olham com brilho no olhar…” (Roupa Nova). A criança, com sua pureza, ansiosa à espera do Papai Noel, nos enche de certeza, de doçura, de mel.

Outra vez, estamos falando de poesia, de um mês especial. De novo, luzes enfeitando a vida. É Natal! Nasceu Jesus, filho de Maria e de José. O céu, repleto de estrelas reluzentes, anuncia a chegada do Menino de Nazaré.
“…Noite feliz! Noite feliz! Ó Jesus, Deus da luz…” (Joseph Mohr e Franz Xaver Gruber)

Nasceu em Belém, Aquele que veio para fazer o bem. Cresceu… lições aprendeu e lições nos deu. Doze apóstolos Ele escolheu. Também ensinou ao mundo o fervor e a gratidão. Pregou o amor ao próximo, a caridade por essência e a fé por excelência. E, mesmo sofrendo injustiça, traição e provação, Ele nos ensinou o ato do perdão. Falou de honra, de honestidade, de decência. Perdoou pecadores e nos preveniu a não julgar. Milagres foram testemunhados e pessoas Ele fez ressuscitar.

É dezembro! Compartilhemos afeto, encontros sob o mesmo teto, abraços apertados, doce predileto, a vida, a união da família às vezes esquecida…

“O Natal Existe — Quero ver você não chorar, não olhar pra trás, nem se arrepender do que faz. Quero ver o amor crescer, mas se a dor nascer, você resistir e sorrir…” (Edson Borges, O ”Passarinho”)
E que seja assim, no ciclo que se reinicia. Chorar, só de alegria! Renovam -se as esperanças de “…que tudo se realize no ano que vai nascer…” (David Nasser / Francisco Alves)

Feliz Natal! E que Jesus possa renascer todos os dias em seus corações.

 

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

Nossos finados

por Convidado 6 de novembro de 2024   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Eu me sentei para escrever esta pensata (registro por escrito dos pensamentos de um autor sobre um tema), com a ideia de falar do espírito e da alma. Mas fiquei triste e me bateu o desânimo. Eu me penitencio. Ainda trago o luto e saudade de meus pais de forma muito presente. Ontem, havia a casa de mãe e de pai, que é algo acolhedor. A alegria dos encontros, as conversas animadas, o cafezinho e o bolo feitos por minha mãe nos proporcionava momentos de muita felicidade. Nada vai suprir as faltas e o aconchego de um abraço e de um beijo — que eu  tinha muito medo que um dia acabasse. Ainda sinto o cheiro dos perfumes deles. Ouço seus timbres, repito gestos, hábitos e palavras, sem perceber a semelhança que tenho com aqueles que me criaram. E, hoje, são apenas fotos em quadros que, com o tempo, nem serão percebidos. Eles partiram, e não são abraçados no dia dos pais, nem das mães. Agora, são lembrados em dia de finados. Que agonia!

A consciência de que “não somos”, e que apenas “estamos” nos choca.

E, já que “estamos” por aqui e falando em tristeza, ultimamente tenho ouvido e visto muita gente reclamando da vida e dizendo que está chato viver. Eu os compreendo; tem muita gente chata perambulando por aqui e “alugando nossos ouvidos”. Tudo é polêmico, proibido e cheio de melindres. A polarização política se tornou insuportável. Deveriam aproveitar que estão taxando tudo e criar multa para os “malas” — arrecadação garantida. Todavia, apesar de determinadas classes fazerem parte do nosso mundo, a vida não deixa de ser uma experiência maravilhosa. Mesmo havendo sofrimento, esta viagem, aqui nesta parte do cosmo, é um presente de Deus. Estou até pensando em convidar pessoas para reivindicarmos (palavra chata) a Deus mais tempo aqui na Terra. Pensei em um plebiscito. Não é justo viver menos de cem anos. Depois que um desinformado acelerou a rotação da terra, o ano passa em seis meses. Não sabiam? Observe como seu aniversário chega rápido. Basta ver que as árvores de Natal já estão nas lojas.

Daqui para frente ninguém quer fazer treinamento. Dizia um amigo, que consultor empresarial tem três meses de férias: dezembro, janeiro e fevereiro, mas sem receber nada. Também dizia que trocavam de carro todo final de ano. Mas por um mais velho. Não riam!

É fato que o ano terminou. O pensamento e as ações estão voltados apenas para os presentes, para os consequentes endividamentos do cartão e para o Papai Noel. Pensei até em me candidatar e fazer “um bico”. Mas será muito sacrificante ficar com criancinhas inocentes no colo, posando para fotos. Não tenho “barriga” para tanto.

Mudando de Papai Noel para Papai do céu (linda a linguagem do tempo da inocência), não seria difícil encontrar argumentos que corroborariam nossa vontade de aumentar a longevidade, considerando que tudo está mudando, e que não é democrático acelerar o tempo, sem antes ouvir os interessados.

Mas, cá entre nós, Deus não deve estar satisfeito com os estragos que estamos fazendo na Terra. Melhor deixar quieto.

Sérgio Marchetti

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

Tudo começou com um olhar

por Convidado 15 de outubro de 2024   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Um dia que já vai longe, registrado numa página do passado, estávamos reunidos, eu e outros jovens, quando alguém me perguntou qual era a parte do corpo de uma mulher de que eu mais gostava. As meninas, naquele instante, atentas, voltaram toda a sua atenção para mim, enquanto os homens mantinham meio sorriso em seus lábios e muita besteira em suas cabeças. Para surpresa de todos, disse que era dos olhos que eu mais gostava. Obviamente que a zombaria foi grande e as risadas vieram como um furacão, mas não me atingiram.

Eu sabia o que todos estavam pensando. Entretanto, confirmei minha escolha dizendo que a linguagem do olhar é a forma mais real e sincera para a comunicação de uma pessoa. Os olhos se comunicam mais do que as palavras, porque nos indicam emoções, ódio, tristeza, beleza e desprezo que vêm do fundo da alma.

Charles Chaplin confirma minha tese. Foi um gênio que conseguiu fazer, no cinema mudo, a melhor e mais expressiva forma de comunicação através do olhar. Emocionou o mundo, sem precisar dizer uma só palavra. Sua habilidade de comunicar com o olhar foi algo que transcendeu os limites culturais e linguísticos.

O corpo fala mais do que a boca, e olhos são seus porta-vozes que, com uma fidelidade irrefutável, exteriorizam a verdade. Um olhar demorado, quando correspondido, diz mais do que um beijo. O primeiro fala a linguagem do amor e o segundo a do prazer. Mas o amor é bem mais duradouro. Fernando Pessoa com “O olhar velado” indica visões diferentes ao olhar o mundo. Filósofos, seresteiros, poetas, pintores, religiosos, néscios e namorados falaram do olhar com tantas roupagens e de forma tão magnificamente metafórica que os olhos se tornaram uma referência. Olhar de esguelha, triste, iluminado, colorido, de ternura, avermelhado, olhos que sorriem, olhos que iluminam, olhar de choro, da cor do mar, de paixão (quase estrábico), olhar de repreensão (antigamente os pais olhavam e a criança já sabia que estava errada). Era o olhar chamado de efeito Mona Lisa porque aonde a criança fosse, a mãe estaria de olho.

Mas é triste constatar a diferença entre o brilho dos olhos de um jovem e o olhar desbotado de um idoso. Efetivamente são indicadores aferidos com precisão. Renato Teixeira, num momento mágico e bençoado, diz: “- (…)como eu não sei rezar/, só queria mostrar/ meu olhar, meu olhar, meu olhar(…)”

Quando a luz da juventude brilhava em meu olhar, tendo sido agraciado por Deus, tive a oportunidade de conhecer olhares apaixonados e sedutores que me causavam taquicardia. Foi assim que aconteceu com tantas pessoas. Tudo começou com um olhar…

Sérgio Marchetti

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários
 

Setembro

por Convidado 16 de setembro de 2024   Convidado

por Sérgio Marchetti*

Quando era criança (não vou dizer onde) com cinco anos de idade, eu tive um tio, ainda muito jovem, que nos levava, a mim e a meu irmão de seis anos, para passear, comer doces e sempre, mesmo com frio, nos presenteava com os picolés de groselha. Era filho carinhoso, irmão dedicado, tio zeloso e amigo presente. Goleiro do América de Barbacena, habilidade que eu e meus irmãos herdamos dele.  Considerado alto para a época, com seus 1,88m, fez sucesso com suas atuações em partidas do campeonato local. Era poeta e adorava La vie en rose, cantada por Edith Piaf. De tanto ouvir, aprendi a gostar.

Morávamos em frente à Escola Agrícola Federal. Meu tio, sabendo que gostávamos de novidade, nos levou para um piquenique naquela escola. E, como dizem que o melhor da festa é esperar por ela, na noite anterior nem dormimos direito. E as merendas… doce de goiabada, bolachas, doce de leite, Nescau, sanduíche e guaraná. E nada disso fazia mal.

Na saída, tio José perguntou se passaríamos a semana no passeio, pois a “matula” estava grande. Não me lembro de ter sobrado nada. Vimos búfalos, gansos, vacas, cavalos, muitas hortas, flores e salas de aula bem equipadas. Afinal, tratava-se de uma escola de ensino agrícola para internos. À tarde, quando regressamos, nossa mãe nos esperava com um abraço inexplicavelmente carinhoso que só mãe sabe dar.

Tivemos que descrever todo o passeio e ainda dizer se fomos obedientes. Fomos sim, mas meu tio jamais diria o contrário, devido ao amor que sentia por nós. E, ao nos despedirmos, ele nos prometeu passear na estação para ver os trens chegarem. Tínhamos trens de passageiros, sim, leitores mais jovens.

Alguns dias depois, veio a visita à estação. A plataforma era e é imensa, até hoje. Apitos fortes anunciavam que um trem estava chegando, enquanto outro saía. Tio José, apesar de atento a tudo, teve um descuido e eu, curioso que era (não sou mais), como disse o policial da estação, adentrei pela porta do corredor e evadi pela plataforma de saída. Ouvindo aquela declaração, o pobre José pegou meu irmão pela mão e saiu desesperado, com lágrimas nos olhos e um fardo de responsabilidade pesando uma tonelada.

Não morri. Fiquem tranquilos, preocupados leitores. Mas poderia. Atravessei o trilho e quis ver como era o vagão do trem. Um fiscal segurou minha mão e esperou pelo resgate. Disse que o que fiz era muito perigoso e que aquele fato jamais deveria se repetir. Voltamos para casa silenciosamente, enquanto meu tio procurava encontrar palavras que narrassem o acontecido, sem que fosse repreendido por meu pai; porque carregava a certeza de que meu irmão iria tagarelar sobre o fato. Ao chegarmos, meu irmão tagarelou e meu pai quase arrancou a minha orelha.

Desde que nascemos, nosso tio esteve conosco, inclusive ajudando a nos dar mamadeira. Mas novos dias vieram e ele não voltou. Sentimos sua falta, perguntamos à nossa mãe por que ele não veio nos ver. Mamãe, com olhar perdido, nos disse que ele inventou uma brincadeira de se esconder, e que talvez não viesse mais. E não veio. Chorei, fiz pirraça… e ele não veio.

Foi num setembro, que ainda não era amarelo, que meu amado tio, aos 24 anos, tirou sua própria vida.

 

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br

  Comentários