Vale a leitura

por Luis Borges 21 de outubro de 2018   Vale a leitura

A gestão do dinheiro na fase idosa da vida

Você já parou para pensar um pouco sobre a gestão do dinheiro de seus pais, principalmente quando eles passaram a ser considerados idosos segundo a lei – 60 anos em diante? E a de um tio viúvo idoso, que não tem filhos ou a de um amigo também idoso? “Como observar a situação e buscar formas de ajudar sem ser invasivo, principalmente sendo sabedor que o custo de vida para os idosos é sempre muito alto e a renda não acompanha? É interessante a abordagem feita por Mariza Tavares no artigo Quando falar com os pais sobre como administrar o dinheiro, publicado em seu blog Longevidade.

“A consultora financeira Lisa Andreana, autora de Financial care for your aging parent, lembra que, muitas vezes, o processo é doloroso porque os filhos não querem admitir que seus pais estão se aproximando do fim da vida. Há também os que temem confrontos ou se sentem despreparados para tomar decisões, e aqueles que acham que, ao dar esse passo, terão que assumir a função de cuidadores em tempo integral. O papel não é fácil e provavelmente terá algum impacto no campo profissional e nos relacionamentos afetivos e familiares. Mas é quando você terá uma chance concreta de retribuir”.

Nem tudo que reluz é ouro

As fake news estão em grande evidência nesse momento do processo eleitoral brasileiro dentro do “vale tudo” pelo poder. Como não ser simplesmente crédulo diante de tudo o que é apresentado vorazmente nas redes sociais digitais, por exemplo, e que métodos usar para analisar criticamente algo que não se sustenta minimamente diante de um primeiro questionamento? Nesse sentido é interessante a abordagem feita por Ligia Fascioni no artigo Por favor, não acredite em mim, publicado em seu blog.

“Desconfiar não somente é desejável, mas necessário ao nosso crescimento e até sobrevivência. Mas ter uma opinião própria dá muito trabalho, além de ser arriscado, pois não se sabe a que conclusões chegaremos. Ao duvidar de um fato ou opinião, a gente precisa pesquisar, ler com atenção, checar diferentes fontes, encontrar contradições, comparar pontos de vista, enfim, gastar neurônios. Já acreditar não custa absolutamente nada: é só escolher um ponto de vista que a gente acha simpático e fim. Zero neurônios envolvidos da operação. Trabalho nenhum”.

Um alívio para a dor

Meu saudoso pai Gaspar Borges verbalizava sempre alguns pensamentos que marcaram seu curso de vida. Na fase idosa ele sempre dizia que “A morte é uma coisa boa e nós precisamos dela. Só não quero ter dor”. Mas o que e como fazer para lidar com a dor física que pode nos alcançar em situações das mais diversas possíveis? Leia a abordagem de Cláudia Collucci em seu artigo Dor não tratada é tortura, publicado pela Folha de São Paulo.

“Duzentos anos depois que a morfina começou a ser distribuída, persistem os mitos e os preconceitos sobre esse analgésico, capaz de aliviar dores severas. A falta de conhecimento de profissionais da saúde sobre o manejo da dor, a burocracia em certas instâncias governamentais para a prescrição de remédios à base de opioides e o medo de famílias e dos próprios doentes são as barreiras que ainda dificultam o alívio da dor”.

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Aposentou e surtou

por Luis Borges 16 de outubro de 2018   Pensata

A aposentadoria do trabalho é um tema que mexe de muitas maneiras com as pessoas em seu curso de vida. E acaba gerando preocupações enquanto o tempo de labor vai maturando até se cumprir os requisitos necessários conforme as regras definidas pelas leis. A premissa é que tudo caminhe na mais santa paz. Mas como a vida é um risco, inclusive no trabalho, muitas são as causas que podem adiar ou mesmo limitar as condições que regerão uma determinada aposentadoria. Dá para imaginar as apreensões geradas por propostas de reforma da previdência social privada e dos regimes próprios dos servidores públicos em busca de um equilíbrio das contas públicas que impacta nos direitos adquiridos, inclusive de castas.

Digamos que, ainda assim, chega o momento em que é possível se aposentar e muitos são os casos daqueles que quase nem aguentavam continuar trabalhando até completarem as condições necessárias. O que fazer para prosseguir no curso da vida após o dia seguinte à aposentadoria ou depois do quadragésimo dia?

Esse tipo de planejamento não foi feito pelo assistente administrativo Rominho Talarico, que se aposentou aos 57 anos no final de 2017. Desde então ele passou a ficar em casa praticamente o tempo todo, sem muita definição clara do que fazer e, ao mesmo tempo, tentando se mexer aleatoriamente em busca de atividades para encontrar coisas para preencher o dia. Ler jornais, ouvir emissoras de rádio, assistir à programação da televisão e atuar nas redes sociais digitais foi um bom começo, mas não demorou muito a ficar um pouco enfadonho, ainda mais diante de confrontos regidos pela intolerância, raiva e ódio.

Fazer compras em padarias, sacolões e supermercados para suprir necessidades da semana ou do dia, sempre pesquisando melhores preços, acabou gerando fadiga na relação com a esposa, aposentada alguns anos antes, por divergências em relação às quantidades, marcas, preços e formas de pagamento. Isso levou a seu afastamento da atividade para preservar a duradoura relação de todo o tempo de seu trabalho profissional, quando não participava desse tipo de atividade. O jeito foi focar mais no futebol e acompanhar tudo de seu time do coração em todas as competições disputadas. Logo veio uma restrição por parte da esposa ele não poderia gritar ou berrar o nome do seu time em caso de um gol assinalado, apenas manifestar discretamente a sua satisfação.

Nesse contexto do cotidiano acabou surgindo mais uma atividade para Rominho. Seu neto mais novo, de quase um ano, passou a ficar em sua casa durante o dia para que sua mãe voltasse ao trabalho na sala de aula de uma escola municipal. Avô e avó passaram a se dedicar prioritariamente ao neto, com muito amor e crescente admiração por todos os seus feitos no processo de crescimento. Acontece que no final de setembro, após três meses cumprindo a missão, o avô já demonstrava grande ansiedade para que o neto dormisse nos horários planejados, principalmente no meio da tarde. Todos os barulhos gerados pelo edifício de 4 andares e também 4 apartamentos por andar passaram a incomodar cada vez mais ao avô que, aliás, mora no primeiro andar. Manobras de carros e motocicletas na garagem, música alta nos dois apartamentos de cada lado do seu, crianças brincando no corredor fazendo algazarra e outros acontecimentos mais típicos de um condomínio residencial acabaram “tucicando”, incomodando cada vez mais o dia-a-dia de Rominho.

Foi assim que ele acabou surtando na tarde da sexta-feira 28 de setembro, quando totalmente descontrolado partiu para o ataque a seus vizinhos, falando muitas asneiras e exigindo que naquele horário prevalecesse a lei do silêncio. Logo alguém acionou a polícia, que não apareceu de imediato, enquanto uma moradora do segundo andar tentava localizar o síndico. Instalado o caos, só algum tempo depois as coisas foram voltando à serenidade.

Desgastado e deprimido com os acontecimentos Rominho Talarico chamou a família, inclusive o genro, para uma reunião onde expôs os seus transtornos de ansiedade. Segundo ele a causa principal era não ter se preparado para viver fora dos aposentos após ter se aposentado há apenas nove meses. Pediu ajuda para começar a fazer o que não foi feito por ele e nem pela sua esposa. Também pediu à filha e ao genro que buscassem rapidamente uma solução para o neto, que poderia ser uma creche, por exemplo. Finalmente disse que procuraria ajuda médica até superar a fase mais difícil da qual espera sair brevemente. De lá para cá já se passaram 18 dias.

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A tia vai bem. Será?

por Luis Borges 9 de outubro de 2018   Pensata

Nesses tempos de elevado consumo de bens e serviços advindos dos diversos níveis do aceleradíssimo avanço tecnológico o mais frequente é cada um cuidar de si, preferencialmente dentro de algumas bolhas específicas, o que não é novidade para quase ninguém. Acaba sendo uma mera constatação. Mas e daí? Pode até sobrar para muitos de nós uma boa oportunidade para combater a solidão numa rede social digital ou mesmo numa relação bilateral e de maneira muito rápida pelo WhatsApp, por exemplo.

Entretanto fico pensando se além do texto, do áudio, do vídeo encaminhado, do pescoço dolorido, das ressecadas córneas dos olhos e de alguns dedos das mãos doendo se ainda é possível resgatar outras formas de contato com as pessoas, bem mais utilizadas nos tempos de outrora, com calor humano, afetividade e respeito mútuo.

Mas como fazer isso acontecer no tempo que urge sem gestão e na sobrevivência cotidiana que cobra permanentemente uma resposta em tempo real? E o pior é que ainda sobra tempo para a solidão, que os dispositivos tecnológicos não dissipam. Surge aí um espaço para reflorescer o propósito do reequilíbrio como na aurora de uma primavera que surge após longo e frio inverno. Melhor seria visitar a idosa tia solteira, irmã da finada mamãe, do que perguntar pelo WhatsApp ao irmão, ao primo ou à prima como vai a tia, se ela está bem sem necessariamente se preocupar em visitá-la ou saber se precisa de uma ajuda material ou de um pouco da presença do sobrinho que há tempos não comparece à sua casa. Até fico com a sensação de que a prevalência é da curiosidade mórbida alinhada com a necessidade de aparecer bem na fita, principalmente se da tia sobrar uma parte da herança a ser distribuída assim que seus olhos se fecharem definitivamente.

Essa menção à tia tão mais querida quanto abandonada que faço aqui pode ser considerada um exemplo genérico, mas verdadeiro, sobre nossas posturas em relação a outros parentes próximos, aos poucos amigos feitos nos tempos da universidade, inclusive na militância política estudantil, aos dois ou três colegas de trabalho que se tornaram nossos amigos ao longo de uma trajetória no serviço público, numa empresa estatal ou privada e até mesmo um vizinho de um bairro da cidade em que moramos noutros tempos. A tecnologia que pode facilitar a aproximação cada vez mais veloz entre as pessoas é a mesma que também pode facilitar o afastamento pelo excesso de acessos sem nenhuma presença física. Até o bom dia ou boa noite cotidiano no WhatsApp torna-se cansativo, frio e cada vez mais visualizado sem se prestar nenhuma atenção. É como se fosse apenas dar vazão a uma imensa ansiedade de estar ligado a qualquer coisa.

Você também tem refletido sobre o distanciamento ou mero afastamento cada vez mais frequente entre os humanos ou isso não está no foco das suas preocupações?

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 6 de outubro de 2018   Curtas e curtinhas

Tarifas públicas e inflação

Como sempre tem acontecido nos últimos anos, também para 2019 projeta-se aumentos superiores à inflação medida pelo IBGE para os preços dos serviços administrados pelo Governo Federal. Para um índice oficial de 4,2% ao ano estima-se que as tarifas públicas tenham aumento médio de 6%. É bom lembrar que a média mascara os extremos, como os que tem ocorrido com os aumentos de preços da energia elétrica, gasolina, óleo diesel, gás de cozinha e passagens de ônibus, por exemplo. Pelo visto quem mais continuará perdendo será o poder aquisitivo dos salários dos trabalhadores que, quando muito, conseguem repor as perdas salariais pelo índice oficial da inflação.

Suicídios e assassinatos de índios brasileiros

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e criado em 1972, divulgou o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de 2017. Ele registra o suicídio de 128 índios no ano, 22 a mais do que em 2016, sendo a maior incidência no estado do Amazonas com 54 e no Mato Grosso do Sul com 31 casos. Já os assassinatos foram 110, com maior prevalência nos estados de Roraima (33 casos), Amazonas (28 casos) e Mato Grosso do Sul (17 casos). Em relação à mortalidade de crianças de 0 a 5 anos, dos 702 casos registrados, 236 ocorreram no Amazonas, 107 no Mato Grosso e 103 em Roraima.

Segundo o Censo do IBGE, em 2010 o Brasil tinha uma população estimada em 817 mil índios. Mesmo vivendo sob a tutela do Estado através da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) o que não falta para eles são problemas que passam pela propriedade de suas terras, segurança, saúde, educação…

Clínicas populares já fazem cirurgias

A saúde é um direito de todos e um dever do Estado segundo a Constituição Brasileira de 1988, mas o SUS não conseguiu, ao longo desses 30 anos, suprir todas as necessidades em termos de quantidade e prazos para atender a todas as demandas num tempo adequado.

Sobrou um espaço para os serviços particulares prioritariamente voltados para as pessoas de alta renda e os planos de saúde regulamentados e fiscalizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Após a recessão econômica iniciada em 2015, que gerou grande desemprego e maior procura pelo SUS, os planos de saúde também perderam muitos clientes por incapacidade de pagamento de seus altos preços, mesmo com os limites técnicos de suas modalidades.

Nesse vácuo surgiram as clínicas populares, que proliferam a cada dia em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte bem como em muitas localidades de médio porte. Elas começaram com os serviços de apoio ao diagnóstico, os chamados exames laboratoriais e de imagens, a preços bem mais acessíveis. Em seguida se somaram as consultas de diversas especialidades, variando na faixa de R$50,00 a R$140,00. Diante do sucesso da iniciativa agora chegou a vez das cirurgias de pequeno porte feitas nas próprias clinicas ou em hospitais privados conveniados, que vendem seus horários ociosos, principalmente de sexta a domingo. No entanto é obrigatório que a clínica popular seja registrada no Conselho Regional de Medicina, bem como seu diretor técnico e os profissionais que nela trabalham. É o mercado da saúde se reinventando para continuar garantindo os seus ganhos.

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Sabe daquele momento em que as instalações hidráulico-sanitárias da sua residência ficam entupidas ou com vazamentos ocultos? E quando a máquina de lavar roupas ou louças, a televisão ou o computador se estragam um após o outro e em pouco tempo? Se cair um raio já imaginou o possível estrago coletivo na queimada geral? Com ou sem seguro só nos resta providenciar o conserto, mas também pensando no benefício e custo de tudo isso bem como se cabe no bolso e de qual forma.

Digamos que a opção foi por consertar o que se estragou. Mas quem fará o conserto? Uma empresa de assistência técnica instalada no mercado ou um profissional que trabalha por conta e risco próprio, com preços mais acessíveis? Aliás, também estão à disposição o trabalhador informal e os que fazem um “bico” para complementar a renda. Essas modalidades estão crescendo continuamente como mostra a PNAD Contínua do IBGE, divulgada em 28 de setembro, que registra 12,7 milhões de desempregados, 23,3 milhões de trabalhadores por conta própria e 11,2 milhões de trabalhadores informais.

Mesmo reconhecendo que essas pessoas, com diferentes níveis de capacidade técnica, estão buscando a sua própria sobrevivência em função do nicho de mercado que é a prestação de serviços residenciais diversificados é importante lembrar que quem as contrata tem expectativas. O que se espera é a solução do problema com um adequado nível técnico de qualidade, preço justo compatível com a capacidade de pagamento e atendimento conforme o que foi combinado em termos de duração dos serviços, dias e horários para sua realização.

Avaliando realisticamente todo esse processo de contratação de serviços é possível verificar que existem muitas oportunidades para melhorias, principalmente para os fornecedores dos serviços e também para quem contrata. Tudo deveria começar com a especificação detalhada do serviço a ser prestado, o que raramente acontece, o resultado esperado e todas as condições definidas num contrato assinado pelas partes envolvidas, embora a prática atual mais usual seja a de combinar tudo verbalmente. Dá até para imaginar o que acontece quando surge uma dúvida ou mesmo um impasse relativo às condições para a execução do trabalho, fornecimento de insumos/materiais, acompanhamento dos serviços, mesmo de pequena duração e o tempo de garantia da qualidade do serviço prestado.

Tenho percebido, por experiência própria e de outras pessoas que contratam essa modalidade de serviços, que o índice de satisfação com os resultados tem deixado a desejar em muitos casos. Frequentemente os relatos qualitativos mostram que nem sempre os serviços começam e terminam nos dias combinados, que às vezes faltou comprar algum material por esquecimento, que o profissional contratado conversava muito ao telefone e também recebia muitas mensagens, que deixava o local sujo e que no primeiro teste o serviço feito não funcionou plenamente. É só retrabalho e mais tempo gasto.

Por outro lado é importante lembrar falhas do contratante que às vezes diminui unilateralmente a quantidade de serviços contratados e exige automaticamente uma redução no preço combinado, outras vezes acrescenta mais serviços sem falar em acréscimo de preços e não raro se desentende com o prestador de serviços por causa de pequenos detalhes não explicitados ou mesmo formas mais toscas de se expressar.

Como não tenho a pretensão de esgotar o assunto aqui, sugiro a você caro leitor uma pequena reflexão sobre as experiências que você já viveu ao contratar a prestação de serviços para a sua casa, principalmente enxergando o que pode ser melhorado na parte que cabe a cada um dos envolvidos neste processo.

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Vale a leitura

por Luis Borges 28 de setembro de 2018   Vale a leitura

A regra do jogo sempre em mudança

Se nada existe em caráter permanente a não ser a mudança precisamos sempre buscar conhecer, compreender e nos posicionar perante os paradigmas que vão caindo. É preciso também atenção aos patrulheiros e seus níveis de patrulhamento, que tentam impor seus posicionamentos e comportamentos como se fossem a única e obrigatória maneira de ser. Qual é a dosagem adequada e necessária para que as pessoas possam melhor se posicionar diante do turbilhão de coisas que vão acontecendo, ainda que algumas sejam ondas passageiras? Mas isso também precisa ser percebido e avaliado criticamente por quem está no jogo. É interessante a abordagem feita no artigo Será que a cobrança por “boas maneiras” está indo longe demais?, publicado no portal UOL.

Por exemplo, embora muitas pessoas defendam que os telefones devam ser desligados completamente, outras afirmam que deixar no modo silencioso é suficiente. O “mau” comportamento no teatro é frequentemente interpretado como egoísmo e falta de consideração com os outros. No entanto, é evidente que as pessoas têm expectativas diferentes – algumas preferem um evento “distinto”, enquanto outras almejam uma experiência mais “sociável”.

Violência na política brasileira

Quem olhar para a História Política do Brasil a partir do Império e chegar até a recente facada desferida num candidato à Presidência da República verá que atos de violência praticados de diferentes maneiras sempre estiveram presentes nestes 196 anos. É o que aborda a professora Angela Alonso em seu artigo Eliminação de inimigos políticos é constante no país desde Independência, publicado pela Folha de São Paulo.

Neste país, a violência tem sido meio recorrente de resolução de conflitos políticos. A eliminação física de desafetos nas disputas por poder é constante desde a instauração da nação independente. Em 1830, Líbero Badaró pereceu por disparo de pistola. Tiros, facadas e linchamentos, como o de abolicionistas, pontuam o falsamente pacato reinado de Pedro 2º. O próprio imperador escapou de bala republicana, em 15 de junho de 1889. Cinco meses depois, veio o golpe civil-militar, sem massacre, mas com chumbo no ministro da Marinha.

Chatice no WhatsApp

Se todo mundo tivesse um dosador de equilíbrio cujo nome genérico poderia ser “simancol”, por exemplo, talvez o convívio nos grupos de WhatsApp poderia durar um pouco mais. O duro é quando alguém cria um grupo e tenta impor compulsoriamente a participação de muitas pessoas. Para quem usa intensamente essa modalidade tecnológica para interagir no meio social torna-se importante cada vez mais fazer uma observação e análise dos resultados alcançados e, de preferência, sem muita chatice. É o que aborda Antônio Prata em seu artigo Mais um grupo de WhatsApp?!, publicado pela Folha de São Paulo.

De todos os males que o chato munido de um telefone móvel é capaz, o que tem feito mais vítimas ao redor do globo é o grupo de WhatsApp. O grupo de WhatsApp, meus amigos, é uma arma de chateação em massa. O chato que abre um grupo de WhatsApp cria um evento compulsório. É como se ele pusesse a mesa na casa dele e três, catorze, vinte e nove pessoas que não têm nada a ver com isso, que talvez nunca tenham se visto fora do escritório, pessoas que quiçá não se cruzam desde o “1° A Humanas!!!!” (esse é o nome do grupo) são obrigadas a largar tudo o que estão fazendo e aparecer pra jantar na casa do chato. Sei do que estou falando porque eu sou esse chato.

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Pelo quarto ano consecutivo está acontecendo o “Setembro Amarelo”, uma campanha que se iniciou em 2015 lançada pelo Centro de Valorização da Vida, Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria. O objetivo principal da campanha é conscientizar as pessoas sobre a prevenção do suicídio por meio de alertas à população sobre esta prática no Brasil e no mundo. Essas organizações defendem que a melhor forma de prevenir o suicídio é o diálogo e a discussão sobre as causas que geram o problema, o que pode contribuir para a definição adequada das principais medidas a serem tomadas em busca de uma solução para cada caso.

Melhor seria que o tema tivesse a mesma visibilidade que tem durante o “Setembro Amarelo” nos meses seguintes. Mas como toda campanha tem um tempo finito, o jeito é seguir pelejando com os meios disponíveis até se chegar novamente à maior visibilidade na campanha do próximo ano. Infelizmente até lá nos restará persistir no propósito de mostrar em todas as mídias que a não divulgação da ocorrência dos casos de suicídios pouco contribui para a solução desse problema de saúde pública. Mesmo diante do sofrimento, da dor e do luto das pessoas vale lembrar que os fatos não deixam de existir só porque são ignorados e que admitir que um problema existe já é 50% de sua solução.

Uma face triste da invisibilidade do tema “suicídio” é que temos dificuldades de perceber os sinais de alerta dados por quem pensa em tirar a própria vida. Em muitos casos, só identificamos os sinais depois que a morte acontece. O Ministério da Saúde divulgou novos dados sobre o suicídio e também um guia com sinais de alerta para amigos e familiares. Vale a leitura do material.

Outro aspecto que chama atenção é quando se levanta o número de pessoas que são afetadas pelo suicídio de alguém. Existem pesquisas mostrando que esse número em geral varia de 9 a 140 ao se considerar família, parentes, amigos, colegas de trabalho, vizinhos e irmãos de fé. Muitas terão que lidar com a culpa por não terem percebido os alertas…

Se observarmos as várias possibilidades de causas e maneiras que podem levar alguém à morte – e geralmente todas com algum potencial de publicação em determinadas mídias, inclusive nas redes sociais digitais – não dá mais para esconder o suicídio. Ainda mais quando, de repente, somos confrontados por ele, quando às vezes acontece nas grandes cidades, ou ficamos sabendo de um suicídio de um amigo ou familiar.

Aproveite o “Setembro Amarelo” para se informar mais sobre o tema. E, não custa lembrar, estar disponível para amigos, familiares e nutrir boas conversas e amizades pode dar confiança e abrir caminhos para que os outros nos peçam ajuda. Ou para nos ajudarem, se for o caso.

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A primavera brasileira terá início no próximo sábado e deve nos encontrar cheios de expectativas quanto ao reflorescimento da flora e a beleza das flores que darão o característico colorido da estação. É nela que terá inicio o período chuvoso do Sudeste brasileiro, que deverá se prolongar até o final do verão.

Também será na primavera que acontecerão os dois turnos das eleições de outubro, que estão gerando muitas expectativas, incertezas e variados níveis de esperança e ceticismo para a solução de crônicos problemas brasileiros. Um dos mais citados em prosa e verso mostra que o Estado brasileiro – União, estados e municípios – está simplesmente quebrado. Isso pode ser verificado pelos déficits orçamentários previstos para 2019, como os R$139 bilhões da união, R$6,8 bi do Rio Grande do Sul, R$5,6 bi de Minas Gerais e R$5 bi do Rio de Janeiro. Aliás, nenhum desses déficits começou agora, mas terão que ser enfrentados pelos que serão eleitos no próximo pleito.

Enquanto os brasileiros vão se preocupando de diversas maneiras e intensidades – inclusive com indiferença e alienação – diante das grandes questões do nível macro da política partidária ou não, da economia e do tecido social é importante se verificar como está a situação dos indivíduos e das famílias no micro mundo do cotidiano em que estão vivendo. Se tudo começa com a gente, cabe às pessoas, com o nível de informações e conhecimentos que possuem, também imaginar e projetar suas situações a partir de premissas que poderão dar condições de contorno às suas vidas no próximo ano.

Será que quem está trabalhando atualmente terá a garantia de continuidade ao longo do próximo ano? Se sim, será possível conseguir um reajuste salarial que reponha as perdas inflacionárias medidas pelo IPCA nos 12 últimos meses que antecederão a data-base de sua categoria profissional? Se vier o pior, a falta de trabalho, como poderia ser feito um plano de ação para se atingir a meta de recolocação no mercado em até 6 meses, por exemplo? Será que os novos governantes retomarão as discussões para a reforma da previdência social, solicitando um sacrifício extra de quem recebe acima de dois salários mínimos para combater o déficit da previdência dos servidores públicos e dos empregados da iniciativa privada? Quem trabalha para o poder executivo dos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul já sabe que os seus salários continuarão a ser parcelados no próximo ano, independente dos resultados que os futuros governadores conseguirem no primeiro ano de suas gestões…

Não tenho aqui a pretensão de levantar todas as possibilidades de situações que poderão ocorrer nos próximos meses, mas apenas sugerir que é importante fazer o dever de casa. Inclusive quem está na zona de conforto, para não ser surpreendido pelos cenários que se desenham para o futuro cada vez mais próximo. Acredito que ainda serão predominantes as estratégias de sobrevivência pois quanto pior, pior mesmo. Só se vitimizar depois que as coisas acontecerem não será suficiente. Por isso é preciso ter “um olho no peixe e outro no gato”. Às vezes muitas pessoas são surpreendidas por estarem sabendo e acompanhando tudo que acontece no Brasil e no mundo, mas perdem o foco ao não cuidarem de si mesmas.

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Fé cega, faca amolada?

por Luis Borges 16 de setembro de 2018   Música na conjuntura

Faltando 21 dias para a realização do primeiro turno das eleições em 7 de outubro a conjuntura prossegue dinâmica conforme sua própria natureza, mas indelevelmente marcada por muitas expectativas e incertezas. Fatos, factóides e notícias falsas nas mais diversas mídias surgem de todas as maneiras e de todos os lados. Se é feio perder uma eleição e com ela o projeto de poder, o “vale tudo” também entra em cena. Até a faca e sua aplicação geraram expectativas de alavancagem de melhores resultados eleitorais.

Mas independente das crenças, da fé em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa, devemos nos lembrar que vivemos numa sociedade que se diz civilizada, democrática e republicana. Se 13 são os candidatos à Presidência da República – que serão acompanhados pelas abstenções, votos nulos e brancos – fará parte do jogo saber perder com ou sem alianças partidárias.

Se olharmos apenas de 2012 para cá veremos quanto cresceu a desigualdade social num país já tão desigual, mesmo com o clamor das difusas e intensas manifestações de 2013. Também é marcante e lamentável a incapacidade de saber perder, demonstrada pelo candidato que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2014. Da insatisfação veio a intolerância, que levou à raiva e ao ódio para marcar e demarcar as pessoas e grupos polarizados. E também o sentimento de anomia daqueles que não se sentem representados pelos polos formados.

No fundo no fundo, quanto pior, pior mesmo. É só verificar os resultados da recessão econômica, do impeachment presidencial e de como chegaremos ao final de 2018.

Como cantar também pode nos trazer recordações de todos os tipos, me lembrei que em abril de 2016 postei aqui minhas percepções sobre a conjuntura da época conectadas à música Viramundo, de Gilberto Gil. Agora nessa conjuntura de faca e facada para quem quer provar do seu próprio veneno, e cada qual defende o seu qual ancorado por suas crenças, me lembrei da música “Fé cega, faca amolada”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, composta em 1975, portanto há 43 anos. Aqui pode ser ouvida na voz do próprio Milton Nascimento acompanhado de Beto Guedes.

Lembremos das mudanças pelas quais a sociedade já passou. Destaco o contínuo aumento do fluxo de informações, que aumentam os conhecimentos necessários para que as pessoas e a sociedade tomem suas decisões. Se não der para minhas ideias prevalecerem não vou sofrer, mas vou continuar lutando democrática e civilizadamente para construir a sua hegemonia de maneira realística e esperançosa, mas sem deixar que as expectativas sejam maiores que a realidade.

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 12 de setembro de 2018   Curtas e curtinhas

Incêndio no Museu Nacional

Depois do caos instalado após o incêndio que consumiu algo em torno de 90% do acervo do Museu Nacional, quais serão os próximos passos? Assumir os erros e omissões das dezenas de órgãos de diferentes instâncias e níveis hierárquicos envolvidos com a gestão do patrimônio histórico ou melhorar a gestão para remover as causas que levaram ao resultado indesejável que surpreendeu a todos? Vale também, dentre tantos casos que estão vindo à tona, conhecer e agir sobre os riscos que envolvem a segurança da cidade histórica de Ouro Preto(MG) que é patrimônio da humanidade, ou saber como estão as mesmas condições de segurança do museu Dona Beija em Araxá(MG), simplesmente interditado há quase 6 anos após um início de incêndio que quase consumiu os aposentos da bela dama.

Se exemplos não faltam, será que o país conseguirá despiorar o seu desempenho nesse quesito? Será que os programas dos candidatos à Presidência da República ou governadores dos estados fazem alusão explícita a esse problema brasileiro?

I.R. continuará sem correção

O Projeto de Lei Orçamentária Anual que o Ministério do Planejamento enviou ao Congresso Nacional não prevê correção para a tabela do Imposto de Renda retido na fonte no ano de 2019. Aliás, a correção integral deixou de ser feita desde 2016 e, se somarmos o que não foi corrigido em anos anteriores, veremos que as perdas para a inflação chegarão a quase 96% em dezembro próximo. Essa é uma boa maneira de aumentar impostos sem assumir explicitamente que isso está sendo feito. E tudo tem ficado por isso mesmo. Assim só fica isento do imposto de renda na fonte apenas quem tem renda líquida até R$1.903,98. É o que ainda temos para hoje.

Alienação eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral informou que 147,3 milhões de eleitores estão aptos a votar nas eleições de 7 de outubro. Lembrando que para quem tem idade entre 16 e 18 anos ou acima de 70 o voto é opcional. Mas quantos serão os eleitores que se absterão de comparecer às urnas, mesmo sendo o voto obrigatório para quem tem entre 18 e 70 anos, e quantos votarão nulo ou branco? Essas três variáveis formam a taxa de alienação eleitoral, cuja projeção sinaliza que ela continuará crescendo como vem ocorrendo desde as eleições de 1994. Uma das causas é o aumento da descrença dos eleitores com os políticos e seus partidos. A conferir.

Fraudes e desperdícios em planos de saúde

Um estudo feito pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar estima que, em 2017, as fraudes e desperdícios corresponderam a R$27,8 bilhões, ou seja 19,1% dos R$145,4 bilhões de despesas assistenciais feitas pelos planos de saúde.

As estimativas do estudo mostram que de 12% a 18% das contas hospitalares apresentam itens indevidos e que de 25% a 40% dos exames laboratoriais são desnecessários. O estudo também mostra que, no caso do setor privado, as práticas abusivas envolvem a falta de necessidade ou o excesso de determinados tratamentos, exames e procedimentos, além de fraudes na comercialização de medicamentos e dispositivos médicos entre outros.

É obvio que o maior ônus de tudo isso sobra para os contratantes dos planos de saúde empresariais ou individuais que, ano após ano, são obrigados a arcar com aumentos que chegam a superar os 20% mesmo diante da inflação anual medida pelo IPCA registrar índices de 6,29% em 2016 e 2,95% em 2017, ano usado como referência para o estudo do IESS.

Altos índices de desemprego e perda de poder aquisitivo obrigam os clientes a abandonar os planos de saúde conforme mostram os números da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Bom para as clínicas populares, que continuam a crescer.

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