O adiamento das eleições municipais deste ano foi apenas mais uma das muitas conseqüências da epidemia da Covid-19. Pensou-se até na prorrogação dos mandatos de prefeitos, vices e vereadores para 2022 e assim poderia ocorrer a coincidência com os mandatos estaduais e federais. Olhando para a conjuntura e o pouco visível horizonte próximo, digamos até 15 de novembro, o fato é que faltam apenas 95 dias para a realização do 1º turno das eleições.

Sempre chego a essas ocasiões com uma boa expectativa de renovação entre os que serão eleitos a partir de um nível mínimo de propostas consistentes, estruturadas e defensáveis numa sociedade democrática. O processo eleitoral será curto e exigirá dos candidatos uma enorme capacidade de comunicação com os eleitores, notadamente por meio digital. Sempre tenho a esperança de que a verdade prevalecerá, mas sei que o ambiente polarizado e radicalizado politicamente torna as coisas menos civilizadas, o que abre espaço para o desrespeito, o ódio e as notícias falsas.

Por outro lado devemos nos lembrar que mesmo com muitas críticas à atuação de prefeitos e vereadores é nos municípios que as pessoas vivem, e é neles que as coisas acontecem da moradia ao trabalho, da educação à saúde, da segurança ao lazer… Esse momento eleitoral é mais uma oportunidade para discutir os problemas locais, suas causas e conseqüências.

Porém por mais que o contexto seja local não dá para deixar de lado os grandes problemas nacionais e estaduais que impactam de maneira permanente a vida dos municípios que são partes integrantes do pacto federativo. Dá para imaginar os municípios sem a garantia de renda mínima para as pessoas vulneráveis após a pandemia?

Mesmo com toda essa crise econômica e social, já que a política é permanente, tenho algumas sugestões que podem nos ajudar a ter um posicionamento mais fundamentado no conhecimento na hora de fazer as escolhas na urna eleitoral.

Tente se lembrar em quem você votou nas últimas eleições para prefeito e vereador. Quais eram os seus partidos políticos e com quem eles se coligaram na ocasião? Do programa eleitoral apresentado o que foi efetivamente realizado e o que ficou para depois ou por isso mesmo?

Outra sugestão é para que as pessoas listem as coisas com as quais não admitem mais conviver. Por exemplo, a falta de transparência nas comunicações, a ausência de um modelo de gestão na condução dos negócios públicos, as mesmas enchentes que se repetem anualmente, a precariedade das vias públicas, o descompromisso com a saúde e educação, a imobilidade urbana…

Você já tem se deparado com alguns pré-candidatos em suas redes? Eles já estão mostrando suas propostas em algum tipo de mídia? Mesmo com a pandemia ainda no platô o que nos resta é participar do processo para tomar a melhor decisão na parte que nos cabe a favor da dignidade permanente. As coisas começam com a gente.

  Comentários
 

Faz tempo que dona Lindalva Paiva cultiva um pé de jabuticaba no quintal de sua casa no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte. No início ele chegou na forma de uma muda e logo em seguida ficou 10 anos num grande vaso bem à frente do alpendre. A seguir ele foi transferido para uma área mais próxima do fundo do quintal onde já está por outros 10 anos e só tende a prosseguir. Agora o pé de jabuticaba já está bastante frutífero de julho para cá embora muitas jabuticabas já tenham sido colhidas. Estão bem docinhas.

Jabuticabas em Santa Tereza

Como se vê é apenas um pé, mas já faz a alegria de todos que freqüentam a casa, pois, aliás, todos gostam das jabuticabas e sua árvore.

Sabemos também que alguns outros quintais de Santa Tereza possuem um ou mais pés de jabuticaba. O bairro tem em torno de 16 mil habitantes segundo o IBGE.

Jabuticabas

  Comentários
 

A Reforma Tributária aparece com muita freqüência a partir do ano 2000 nas análises de conjuntura e cenários de quem trabalha com planejamento estratégico e sua gestão. Estiveram na cena outras reformas e algumas até acabaram acontecendo, como a Trabalhista e a da Previdência Social, que muito desagradaram aos trabalhadores. Enquanto isso a Reforma Administrativa Federal, a Político Partidária e o Pacto Federativo seguem aguardando um momento mais oportuno e conveniente.

O fato é que a primeira parte da proposta da Reforma Tributária enviada pelo Ministério da Economia ao Congresso Nacional em julho se juntará a outras que estão tramitando na Câmara dos Deputados – representante do povo – e do Senado Federal – representante dos estados que formam a União. Vale lembrar que segundo o Dicionário Houaiss reforma é uma mudança introduzida em algo para fins de aprimoramento e obtenção de melhores resultados; nova organização, nova forma; renovação.

As reformas são sempre vendidas como a solução para todos os problemas do país, mas é preciso que se demonstre com fatos, dados, transparência e discussão aprofundada no processo participativo as causas que justifiquem a real necessidade delas. Não dá para fazer isso a toque de caixa sob o argumento de que é preciso equilibrar as contas públicas, que os gastos são sempre crescentes e maiores que a arrecadação. E quando será feita uma análise crítica dos gastos, a começar pelos helicópteros e passagens aéreas, por exemplo?

É preciso conhecer as premissas da Reforma Tributária e seus parâmetros para a União, estados e municípios. Só para ilustrar, podemos verificar que a proposta do Ministério da Economia indica que essa primeira etapa é só para simplificar o processo de cobrança dos tributos federais. Assim veio a proposição da singela fusão do Programa de Integração Social – PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS gerando a Contribuição sobre Bens e Serviços – CBS. A alíquota para todos os contribuintes foi fixada em 12%, exceto para os bancos – setor financeiro que será de 5,8%. Dá para entender por que dessa diferença? O setor de telecomunicações está reivindicando de 6% a 7%.

Existe o pressuposto de que não haverá aumento da carga tributária, hoje em torno de 38% do PIB. Mas basta não corrigir a tabela do Imposto de Renda Retido na Fonte, como tem acontecido anualmente, para se ter aumento real da carga tributária. E se o sonho dourado da volta da CPMF vier em nova embalagem sob a denominação de contribuição sobre transações financeiras eletrônicas para desonerar a folha de pagamento salariais das empresas?

A discussão tende a ser longa em função do tamanho da mobilização da sociedade e suas instituições, mas até a divisão do bolo tributário federal precisará ser revista. Hoje a União fica com 55%, os estados com 27% e os municípios com 18% sendo que os dois últimos tiveram um grande crescimento de seus encargos nas últimas décadas.

Será que dessa vez a Reforma Tributária vai chegar nalgum lugar bom? Na Conjuração Mineira a luta era contra 20% do quinto do ouro como imposto.

  Comentários
 

Vale a leitura

por Luis Borges 2 de agosto de 2020   Vale a leitura

Quando o desrespeito tem conseqüências

A vida numa sociedade que se diz civilizada deveria ser marcada pelo respeito entre as pessoas que dela fazem parte. Só pelos casos de desrespeito que vem à tona e outros tantos que ficam submersos fica evidente que ainda estamos longe da excelência nesse quesito básico. Nesse sentido chamam a nossa atenção alguns episódios recentes que foram abordados por Élio Gaspari em seu artigo Cidadão, não; engenheiro formado publicado pela Folha de São Paulo.

As câmeras tornaram-se um remédio eficaz para combater os demófobos prontos para aplicar carteiradas sociais no “outro”, hipoteticamente inferior. Ao “você sabe com quem está falando”, o progresso contrapôs o “você sabe que está sendo filmado?”…

Em geral essas cenas de humilhação do “outro” duram poucos segundos e, sem os vídeos, não teriam consequência. Graças a eles, custam caro.

Sonhando com a volta ao bar preferido

A cidade de Belo Horizonte é considerada a capital brasileira dos bares, que estão fechados há mais de 120 dias. Algumas pessoas com quem tenho conversado – observados os padrões de segurança em vigor – manifestam saudades de voltar ao(s) bar(es) preferido(s), mas ainda não vislumbram quando isso será possível e também  não imaginam quantos deles sobreviverão à pandemia. Por outro lado ficamos imaginando como será o novo padrão que os bares sobreviventes utilizarão na volta quanto às distâncias entre as mesas, pessoas sentadas e circulantes, horário de funcionamento, higienização das mãos, uso de máscaras…

É interessante observar o ponto de vista de Juliana Simon no artigo Não, eu não vou ao seu bar agora publicado no blog Siga o copo.

Não faz nem uma semana que os bares e restaurantes estão autorizados a reabrir em São Paulo e já vi alguns bons bares cervejeiros (para ficar somente no tema mestre deste blog) prometendo aquela experiência regada a distanciamento e álcool gel.

Não, obrigada. Eu não vou.

Entendo que é uma necessidade do negócio, que o governo não ajuda e que nem todo mundo consegue levar a casa pra frente com delivery e take out. São empregos e vidas em jogo.

Assim como voltar a frequentar bares nesse período é claramente jogar na roleta da minha saúde e das pessoas que me cercam (as mais próximas, para agravar, do grupo de risco).

  Comentários
 

Até onde vai a solidariedade?

por Luis Borges 29 de julho de 2020   Pensata

Estamos no quinto mês de enfrentamento da pandemia da Covid-19 encarando as conseqüências das perdas e danos, ainda que sejam mais para uns e menos para outros. A grande desigualdade na distribuição de renda se escancara mostrando que quanto pior, pior mesmo. A estratégia de sobrevivência exige que se encare um dia de cada vez diante do horizonte próximo cheio de incertezas. A palavra solidariedade tem sido uma das mais faladas durante essa pandemia, principalmente no seu início quando pegou todo mundo de surpresa. Mas quais são as expectativas e as percepções que temos em relação às práticas solidárias em prol do bem comum? Será que essas ações estão conseguindo se sustentar ao longo do tempo ou são apenas uma força auxiliar para minimizar as lacunas geradas pelo sistema capitalista em que vivemos?

Para ajudar a nossa reflexão podemos encontrar no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa um significado para a palavra solidariedade nos verbetes a seguir: “um sentimento de simpatia, ternura ou piedade pelos pobres, pelos desprotegidos, pelos que sofrem, pelos injustiçados etc” e “manifestação desse sentimento, com o intuito de confortar, consolar, oferecer ajuda etc”. No mesmo dicionário também podemos buscar o significado de outra palavra citada com freqüência que é a compaixão“sentimento piedoso exclusivamente humano de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la; participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor”.

Nesse sentido destaco, entre fatos e dados divulgados pela mídia no mês de julho, uma entrevista de Gilson Rodrigues, Coordenador nacional do G10 Favelas ao Portal UOL.

“Durante o mês de abril nós recebemos uma série de ajudas de um movimento muito grande de solidariedade no Brasil, que ajudou não só Paraisópolis, mas favelas do Brasil inteiro. Mas nós percebemos a partir de maio e junho que a ajuda diminuiu e, em julho, as doações praticamente pararam.” […]

“Parece até que a gente não sofre outras conseqüências da Covid, como por exemplo, o desemprego e a fome, que aumentou bastante. Para você ter idéia, nós distribuíamos mais de 10 mil marmitas por dia, e às vezes as marmitas acabam e a fila continua. É um desafio muito grande manter esse trabalho e nós não acreditamos em um Brasil diferente ou mais solidário se isso não iniciar agora. Não existe um pós pandemia ou um novo normal sem que a gente pense o normal da favela”.

Se estamos passando do pico para o platô da pandemia vai ficando claro que precisamos de outras medidas mais permanentes do Estado que substituam o auxílio emergencial, por exemplo, pela garantia de uma renda mínima mensal. A solidariedade entre as pessoas é importante, mas não é suficiente pela sua própria natureza.

  Comentários
 

O fim de mais um trabalho

por Luis Borges 22 de julho de 2020   Pensata

A senhora Neusa Rodrigues tem 50 anos de idade, é casada, mãe de dois filhos e é cuidadora de idosos há 9 anos. Vale lembrar que essa atividade profissional é exercida por mulheres em torno de 90% dos casos e teve sua regulamentação como profissão totalmente vetada pelo Presidente da República no segundo semestre do ano passado, veto este não derrubado pelo Congresso Nacional.

Antes de exercer essa atividade Neusa trabalhava na área administrativa de uma empreiteira do setor de mineração do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. Porém desistiu do segmento após longo período desempregada, que acabou por levá-la ao desalento – deixou de procurar emprego. A solução para encontrar uma nova oportunidade de trabalho foi a descoberta de um expressivo mercado de venda de bens e prestação de serviços para idosos de diferentes níveis de poder aquisitivo.

Segundo a lei brasileira, as pessoas idosas são aquelas com idade superior a 60 anos e que hoje são aproximadamente 30 milhões, o que equivale a algo em torno de 15% da população do país. Neusa focou no nicho de cuidadores de idosos e fez um curso básico de formação ministrado pela associação da categoria em Belo Horizonte. Pouco tempo depois ela conseguiu sua primeira oportunidade na atividade indicada pela própria associação de cuidadores de idosos e passou a atuar formalmente segundo os critérios definidos para o Micro Empreendedor Individual – MEI. Ela praticamente não ficou parada mais do que 2 meses entre um trabalho e outro. Na maioria das vezes a causa principal da interrupção da prestação dos serviços foi o óbito do cliente vindo em seguida a deterioração das condições financeiras.

Pensando com seus próprios botões a cuidadora foi percebendo que a vida tem sua finitude e que a qualquer momento seus clientes poderiam chegar ao fim da jornada. Mesmo com essa consciência o fato é que Neusa está há 9 dias sem trabalho devido ao óbito do senhor Alfeu, ou simplesmente Fefeu, cliente do qual cuidou durante os últimos 12 meses. Ele tinha 86 anos, viúvo, funcionário aposentado do poder Judiciário Federal e com importantes restrições em suas condições funcionais. Além do avanço do mal de Alzheimer rumo à fase mais aguda, era hipertenso, portador de DPOC (Deficiência Pulmonar Obstrutiva Crônica) e grandes variações de seus índices glicêmicos ao longo do dia.

Agora Neusa está mais preocupada e imaginando quanto tempo levará para conseguir um novo trabalho – finito, enquanto a pandemia da Covid-19 prossegue trazendo incerteza, insegurança e medo, ainda mais para quem luta pela sobrevivência dia após dia.

E você caro leitor já se imaginou cuidando de uma pessoa idosa, profissionalmente ou não? E se fosse você mesmo é que estivesse necessitando de um cuidador na fase idosa da vida? Espero que seja uma reflexão sem dor.

  Comentários
 

Onde encontrar uma UTI?

por Luis Borges 13 de julho de 2020   Pensata

A estratégia de combate à disseminação da Covid-19 no modo pandemia buscou ganhar tempo em relação ao pico dos casos de contaminação e deixou claros os limites do nosso sistema de saúde. Mesmo a Constituição Brasileira estabelecendo que “a saúde é um direito de todos e um dever do Estado”, o grande medo nesses 4 meses já passados foi e ainda continua sendo as conseqüências que poderão advir se ocorrer um colapso do Sistema Único de Saúde e do sistema privado operando direto com clientes particulares ou com planos de saúde regulamentados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.

No caso da Covid-19 faz parte do processo de tratamento na fase mais aguda da infecção a internação das pessoas numa UTI de algum hospital seja ele público, filantrópico ou privado. É importante lembrar que mesmo nos tempos antes da pandemia nunca foi fácil para a maioria das pessoas encontrar uma vaga disponível na UTI para uso imediato. Quem já passou por uma situação como essa sabe muito bem o tamanho das dificuldades enfrentadas.  Mas onde estão essas unidades no país, principalmente nesse momento em que a disseminação da doença está se generalizando e o seu pico pode ainda estar por vir?

Partindo da premissa de que os fatos e dados não deixam de existir mesmo quando são ignorados ou negados, considero oportuno fazer uma referência ao artigo “Com pacientes longe das UTIs no interior, epidemia deve matar mais”, de Fernando Canzian, publicado pela Folha de São Paulo em 6 de julho.

Nele verifica-se que:

“Embora as 27 capitais brasileiras agrupem 24% da população, elas têm quase a metade dos leitos de UTIs para adultos no país.

Já as unidades disponíveis no interior estão concentradas em cidades com mais de 100 mil habitantes (cerca de 300 municípios).

Isso leva a que apenas 6% das cidades do Brasil tenham leitos de UTI —e que aproximadamente 100 milhões de pessoas vivam em locais sem esse tipo de atendimento.

Correm maior risco 32 milhões de brasileiros (três vezes a população de Portugal, por exemplo) que residem em 3.670 municípios com até 20 mil habitantes”.

Como se vê, isso é o que temos para hoje e o jeito é fazer tudo o que for possível e que dependa de nós para evitar a necessidade de uma UTI. Mas sei que não dependemos só de nós, pois não existe processo sem a cooperação de todos os envolvidos em busca de um resultado valioso.

  Comentários
 

Parece que foi ontem o início do ano 2020 embalado pelo “agora vai”. A projeção para o crescimento da economia no ano era de 2,3% ainda mais que, nos últimos três anos, não tinha passado de 1,1% em cada um deles.

Na quarta-feira de cinzas a linha da meta do crescimento econômico já dava sinais de dificuldades para ser atingida conforme mostrado no post deste blog Depois do carnaval para onde a coisa vai?. Em março chegou a pandemia do novo coronavírus, a Covid-19, que era só uma questão de tempo após varrer os continentes da Ásia e Europa, partes integrantes do mundo globalizado.

Do ponto de vista de quem usa minimamente algum modelo de Sistema de Gestão consistente em seus negócios e trabalhos nas organizações humanas públicas e privadas ou mesmo na vida pessoal/familiar é hora de avaliar, fazer um balanço sobre o rumo que as coisas tomaram após seis meses. Como dizem Milton Nascimento, Fernando Brant e Márcio Borges na música “O que foi feito devera”:

“Se muito vale o já feito,

mais vale o que será.

E o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir”.

Para ajudar a sistematizar essa avaliação podemos usar um método para relatar de maneira organizada a situação atual de uma meta a ser atingida, no nosso caso, o crescimento da economia do país, que impacta em todos nós.

São 5 grandes perguntas que devem ser respondidas com os devidos desdobramentos conforme se segue: O que foi planejado, o que foi executado, qual o nível dos resultados alcançados, o que está pendente para ser feito e quais serão os próximos passos com as devidas reorientações estratégicas. É até simples, mas toma tempo e exige muita transpiração e inspiração…

Dito isso, e como já estamos em julho iniciando a travessia para cumprir a outra metade do ano, é preciso redefinir os próximos passos. Estamos diante de grandes e inesperadas mudanças ocorridas na conjuntura do país e muitas incertezas impedindo que se faça projeções sobre os cenários que teremos pela frente, o que praticamente exige de nós um acompanhamento diário do rumo que as coisas vão tomando.

Voltando nosso olhar para a projeção da outrora meta de crescimento da economia veremos que neste momento o Banco Central do Brasil projeta uma contração de 6,4% do Produto Interno Bruto até o final do ano. Fica cada vez mais claro que nossas estratégias continuarão a ser de sobrevivência enquanto as mortes causadas pela Covid-19 crescem – já passam de 65 mil – a vacina ainda não está pronta e, segundo o IBGE, o desemprego e o desalento só crescem aos milhões.

E você, caro leitor, como está observando e analisando os acontecimentos com os respectivos impactos em sua vida pessoal, familiar ou no mercado de trabalho, em sua cidade ou estado? E a nossa extremamente desigual sociedade agüentará conviver até quando com a carestia, a fome e o desemprego aberto? Depois do auxílio emergencial o jeito será aproveitar a trilha para fazer o programa de renda mínima dentro da estratégia de sobrevivência para todos, inclusive para o capitalismo. A conferir.

  Comentários
 

Vale a leitura

por Luis Borges 28 de junho de 2020   Vale a leitura

Tempo sem zap

O uso adequado, equilibrado do zap na vida pessoal, profissional e social é um desafio permanente para quem se preocupa com a gestão do tempo. Periodicamente é importante fazer uma avaliação sobre as causas que nos levam à perda de tempo e, entre elas, pode estar o uso exagerado do WhatsApp, por exemplo. É preciso também fazer a gestão da ansiedade e não cair na armadilha de buscar a última novidade do minuto em temas não prioritários para o momento específico vivido. Sobre esse assunto é interessante a abordagem de Lia Bock no artigo O novo normal do WhatsApp pode ser o fim da nossa saúde mental, publicado no canal Universa do portal UOL.

Pois mesmo adorando as funções dessa ferramenta, confesso que o excesso de demandas que entram por ela tem me assustado. Verdade que boa parte são figurinhas e stickers dos quais metade a gente podia ter passado sem, mas, como para fazer esse filtro precisa entrar e olhar, passamos o dia clicando no telefoninho verde, lendo, ouvindo, respondendo, encaminhando.

Eu fico pensando como vivem e do que se alimentam os habitantes de países onde o WhatsApp “não pegou”. Nossa vida passa tanto por esta ferramenta que não conseguimos nem imaginar como seria viver sem ela. Mas imaginar a vida afogado nela também não me parece um cenário muito bom. Oxalá o novo normal seja caridoso conosco neste tópico.

Aulas presenciais

 Será que as aulas presenciais serão retomadas, digamos, a partir de agosto ou setembro? Se nada será como antes devido às novas condições de contorno trazidas pela pandemia da Covid-19 dá para imaginar que novos padrões surgirão para aulas presenciais nos diversos níveis de ensino, a começar pela quantidade de alunos em cada sala de aula. Que resultados esperar quanto à aprendizagem, ao manejo das tecnologias digitais e ao índice de evasão de alunos? Afinal de contas muitas são as especificidades e variáveis que precisam ser consideradas na formulação dos novos padrões. Sobre esse tema confira o que diz Débora Garofalo no artigo Como será o novo normal em aulas presenciais publicado no portal UOL.

Olhar para os países que estão iniciando o retorno é importante para que possamos seguir alguns cuidados e aprendermos com algumas lições, considerando a realidade e estrutura que possuímos aqui no Brasil.

No início da quarentena pensávamos que a suspensão das aulas se daria por duas ou três semanas e que a situação estaria controlada e poderíamos retornar da maneira que conhecíamos. Hoje, vivenciando a pandemia, sabemos que não será assim e que devemos ter uma atenção maior para crianças e jovens que estão há meses em isolamento social, aguardando o retorno físico para reencontrar os colegas. Será preciso manter o distanciamento social.

  Comentários
 

Precisou sair de casa

por Luis Borges 22 de junho de 2020   Pensata

Na manhã do sábado, 6 de junho, um professor de biologia do ensino médio na rede privada saiu de casa por volta das 8h, devidamente paramentado com a máscara no rosto e álcool em gel na bolsa. Seu destino prioritário era um laboratório de análises clínicas distante quatro quarteirões de sua casa. O pedido do exame de sangue para verificação da glicemia em jejum, colesterol, triglicérides e os clássicos da tireóide datava do final de janeiro. A correria louca de sempre fez com que tudo fosse sendo adiado. Depois veio o período do Carnaval oficial de Belo Horizonte com sua generosa duração para a alegria dos blocos nas rua. Em seguida veio a pandemia da Covid-19, isolamento social, ensino à distância e o fique em casa. Mas o professor percebeu, em função dos sinais dados pelo organismo, que algo havia se alterado em relação à sua tireóide e que não dava para postergar mais a realização dos exames solicitados no início do ano. Na curta caminhada foi observando alguns pequenos detalhes, ah! sempre os detalhes, que poderiam mostrar como está a disciplina das pessoas para cumprir as regras sanitárias em vigor.

Ao sair de casa contou 7 gatos na primeira esquina e viu o senhor Zé Maneco sem máscara, tomando sol, sentado numa cadeira colocada no passeio. Cumprimentos de bom dia foram trocados.  No quarteirão seguinte um motorista de automóvel de transporte por aplicativo com a máscara no queixo aguardava a chamada para atender o próximo cliente. Enquanto avançava na caminhada passou por ele uma pessoa sem máscara caminhando rapidamente. Chegando ao quarteirão de seu destino o professor viu uma pessoa tomando café o comendo pão encostada num veículo. Em seguida passou na porta da padaria onde só estava o agente de segurança e alguns metros à frente chegou à recepção do laboratório onde ficou em quinto lugar na fila para atendimento. Lá tudo estava funcionando em conformidade com os padrões sanitários.

O professor dispensou o lanchinho oferecido ao final do atendimento e, ao voltar para casa, passou na padaria, onde ficou em quarto lugar na fila formada na calçada, com todos usando máscaras. Enquanto aguardava pacientemente, ainda na calçada, a sua vez para ser atendido chegou um senhor idoso usando máscara, aparentando em torno de 65 anos de idade, que ignorou a fila, foi direto ao balcão, mas sem manter distância de outros clientes, escolheu seus produtos e saiu do local com um copo de café na mão. O agente de segurança justificou às pessoas da fila que é difícil tentar frear aquele perfil de cliente, pois poderia causar muita confusão no local.

O professor deixou a padaria após as compras e foi para casa observando mais detalhes do seu pequeno trajeto. Mais gente já estava circulando pela rua e a maioria usava máscara. Um quarteirão antes de sua casa o professor viu na calçada próximo ao meio fio uma máscara, 5 copos plásticos e um saquinho plástico contendo dejetos de um animal. Finalmente o professor chegou em casa por volta das 9h, cumpriu os padrões de segurança estabelecidos. Agora é aguardar os resultados e marcar uma consulta com o endocrinologista do seu plano de saúde complementar que, aliás, não deu nenhum desconto para seus usuários que nesse caso, ainda não foram tratados como clientes.

  Comentários