Curtas e curtinhas

por Luis Borges 29 de agosto de 2021   Curtas e curtinhas

A inflação não é nuvem passageira  

A cada mês o Ministério da Economia tenta justificar o crescimento da inflação como algo causado por aspectos momentâneos que logo se dissiparão, mas a realidade tem insistido em mostrar que as coisas não são bem assim.

O IBGE divulgou o índice inflacionário quinzenal de agosto, o IPCA-15, que ficou em 0,89% e é o maior da série desde 2002. Nos últimos 12 meses a inflação medida pelo índice foi de 9,3%. Vale lembrar que a meta de inflação estabelecida pelo Banco Central para 2021 é de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%. Como se vê, o meio que o BC utiliza pra tentar frear a inflação é aumentar a taxa básica de juros, que agora está em 5,25% ao ano. E nós prosseguiremos perdendo rapidamente o poder aquisitivo, que os reajustes salariais, para quem os tem, não conseguem repor.

Um inverno desafiante  

Enquanto a primavera não chega o inverno vai deixando as suas marcas. Tempo seco, baixa umidade relativa do ar, muitas queimadas, geadas nas lavouras, crise hídrica afetando o abastecimento de água potável – que é um direito humano – e a geração de energia hidrelétrica… Ah! Não nos esqueçamos da Covid-19 com as variantes Delta e Lambda. Será que teremos um apagão de energia elétrica e/ou racionamento do consumo de água até outubro/novembro ? O Presidente da República já assinou o decreto determinando que órgãos da administração pública federal direta, autarquias e fundações reduzam o consumo de energia entre 10% e 20% entre setembro de 2021 e abril de 2022.

Como gerenciar é resolver problemas, eis aí ótimas oportunidades para que as autoridades governamentais mostrem o seu valor com muita capacidade de gestão.

Aumento da tributação sobre a mineração 

O deputado federal paraense Celso Sabino (PSDB), relator do projeto do imposto de renda na reforma tributária, propôs que a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) passe de 4% para 5,5% do faturamento bruto das empresas mineradoras. Além disso, a União deixaria de receber 10% do valor arrecadado. Ele passaria a ser dividido apenas entre estados e municípios envolvidos no processo de mineração. O estado do Pará continuaria a ser o maior beneficiado com a CFEM, pois hoje já fica com 54% do que é arrecadado. A maior parte desse valor vem do minério de ferro.

Como se vê, o deputado federal primeiramente está atento aos interesses do seu estado, para só depois pensar no restante do país.

E como atuam os deputados federais e senadores de Minas Gerais?

Arrecadação e despesas de Minas Gerais 

Quem consultar o Portal da Transparência do estado de Minas Gerais verá que a arrecadação cresceu 19% e as despesas 9% no primeiro semestre de 2021. Quais seriam as principais causas geradoras desses números? Aumento da inflação impactando a base de cálculo dos tributos, congelamento dos salários dos servidores ativos, inativos e pensionistas, corte de gastos, não pagamento das dívidas com a União, planejamento e gestão…

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Observando um quarteirão da rua

por Luis Borges 23 de agosto de 2021   Pensata

É interessante avaliar periodicamente a nossa capacidade de perceber com atenção os detalhes das coisas que estão ao nosso redor. O que dá pra perceber, por exemplo, sobre as atitudes que tomamos automaticamente ou mecanicamente todos os dias, na cidade, no bairro, na rua ou, mais precisamente, no quarteirão em que moramos?

Imaginemos algumas coisas que acabam sendo observadas e analisadas por um atento morador do quarteirão de sua rua. Esse morador percebe, do ponto de vista macro, algumas casas – com ou sem barracos no fundo, pequenos edifícios, nenhum lote vago e poucas unidades adaptadas para algum tipo de negócio.

Uma descrição básica mostra que esse quarteirão da rua tem passeios estreitos, algumas lixeiras instaladas a meia altura nas calçadas, pequenas árvores, galeria para águas pluviais, pista de rolamento asfaltada, trânsito de veículos em mão dupla e estacionamento permitido nos dois lados. As pessoas caminham nos passeios e na rua propriamente dita, onde há trânsito local. Isso não impede que alguns veículos passem por ela em velocidade acima do limite permitido ou que muitos moradores saiam de suas casas automaticamente, sem se atentar para o que está em movimento. Às vezes acontece algo indesejável e uma das causas é a desatenção que poucos admitem existir.

Nessa rua a maioria dos vizinhos são antigos moradores, alguns são herdeiros de pais e mães que já partiram para outro plano espiritual.Os vizinhos mais antigos se conhecem e trocam informações sobre as transformações do espaço. Existem também alguns imóveis para aluguel, como apartamentos e barracões, que trazem caras novas se mostrando aos poucos. Aí também dá para perceber que outras caras já deixaram suas moradias, pois simplesmente não são vistas mais. Fazem parte da rotatividade natural de inquilinos.

Apesar das muitas regras para o bem estar de todos no convívio, ainda falta disciplina para cumprir alguns procedimentos padrão. Um dos mais visíveis se refere ao lixo domiciliar, que é coletado às segundas, quartas e sextas a partir das 20 horas. Alguns moradores colocam o lixo na calçada com muita antecedência, às vezes até no sábado ou domingo, e outros poucos colocam a embalagem depois que o caminhão já passou.

Vários moradores tem cachorros, gatos e pássaros, que recebem os devidos cuidados. O mais difícil fica por conta dos moradores de outras ruas, que aproveitam uma certa tranquilidade do trânsito local para passear com seus cachorros e alguns não recolhem os dejetos que eles deixam na calçada ou na parte da pista próxima ao meio-fio.

É perceptível que alguns poucos vizinhos gostam de música num volume mais alto e pouquíssimos tem feito festas ou encontros em plena pandemia.

Nessa rua os vizinhos demonstram estar atentos em termos de proteção e segurança, principalmente os mais antigos, que também são mais solidários e atentos à movimentação na ruas. Entretanto poucos são os que se visitam.

E você, caro leitor, tem conseguido observar, analisar e perceber detalhes das coisas que acontecem no quarteirão da rua em que mora?

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Se eu demorar uns meses convém, às vezes, você sofrer/ Mas depois de um ano eu não vindo / Ponha a roupa de domingo e pode me esquecer”, diz Chico Buarque em sua música “Acorda Amor”, composta em 1974, quando a ditadura militar tinha 10 anos. 

Lembrei-me dessa música a propósito de tanta falação e de pouca discussão mais consistente sobre o trabalho presencial e o remoto, notadamente feito em homeoffice. Inicialmente é importante lembrar que o trabalho profissional feito em casa já existia antes da pandemia da Covid-19, ainda que em pequena quantidade, mas com condições tecnológicas razoavelmente adequadas. Ele ganhou muita aceleração dentro das condições possíveis, buscando a melhoria contínua, para contribuir com efetividade no combate à disseminação do vírus e também para manter as possibilidades das pessoas continuarem trabalhando em meio a tantas incertezas. Ainda mais sem a vacina para a imunização das pessoas. Vale lembrar também que uma grande parte das atividades e tarefas dos processos de trabalho só podem ser feitos presencialmente. É só lembrar do motorista dirigindo um ônibus lotado, o padeiro fazendo pão já na madrugada da padaria, o repórter da televisão fazendo uma entrada ao vivo, o serviço de atendimento no pronto-socorro de um hospital funcionando, a conservação e a limpeza de um edifício, os entregadores de encomendas pela da cidade… tudo com as devidas e indispensáveis medidas sanitárias de segurança.

Agora que a vacinação avança e a variante Delta também está na cena, chegou o momento da flexibilização das medidas sanitárias, de maneira gerenciada para avançar ou recuar, mas contando sempre com a responsabilidade e a cooperação de cada indivíduo a favor de todos.

Muitos foram os que pensaram no trabalho remoto como solução definitiva para aqueles cujos processos tiveram que ser feitos em casa todos os dias da semana e meses. Por outro lado, para muitas pessoas só coube compreender que só lhes restava cumprir a decisão monocrática de seus diretores, que ganham para dar a direção, para trabalhar em casa como questão de sobrevivência.

Agora que o momento da pandemia está em outro patamar, menos desfavorável mas inspirando cuidados, vai ficando visível um modelo híbrido – trabalhar alguns dias presencialmente na sede física do local de trabalho e uma maior parte no modo remoto, em casa. Talvez 3 dias em casa e 2 na sede física a cada semana, por exemplo. A tendência é a prevalência desse modelo. Isso tudo em função das estratégias de sobrevivência principalmente para quem trabalha no setor privado construindo suas entregas – resultados – cotidianamente. No setor público as condições de contorno são outras, financiadas pela alta carga tributária paga pela população sem o devido retorno compatível com o valor arrecadado, e precisam ser abordadas em outra pensata com mais especificidades.

Enquanto isso, são comuns os relatos sobre os casos de trabalhadores na faixa até 29 anos preferindo se demitir do trabalho para não voltar ao modo presencial, mesmo sendo uma determinação superior. Também existem os casos de pessoas da faixa etária de 50 anos ansiosos para voltar ao modo presencial por estarem cansados do trabalho doméstico, a começar pela obrigação de colocar o lixo na calçada, e outras atividades que exigem mais comprometimento. Aliás, sei de casos de empresas que adotaram o modelo híbrido há mais tempo e de outras que farão o mesmo até o final do ano, sempre com decisões monocráticas da direção superior. Como se vê, nem tanto à terra, nem tanto ao mar. É o que temos para hoje.

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Mudando de casa

por Luis Borges 9 de agosto de 2021   Pensata

De vez em quando converso com alguém ou alguns que abordam a vontade ou a necessidade de mudar de casa, apartamento ou edícula onde moram. Geralmente são pessoas que possuem moradia própria, pouquíssimas são as que estão no aluguel mas sonhando saltar do trampolim para um imóvel próprio.

Um caso interessante – que tenho visto aumentar a frequência de sua repetição – retrata a situação de um casal com a “síndrome do ninho vazio”. Ele com 69 anos e ela com 67, casados há 42 e morando há 26 anos na tão sonhada casa, de onde viram os 3 filhos partir para seus vôos próprios.

A partir daí o casal começou a se perguntar sobre a real necessidade de continuar morando num espaço tão grande – 190 m² – e com tanta coisa para apenas duas pessoas. Ainda mais diante da dificuldade para contratar trabalhadores diaristas para a prestação de serviços ligados à casa. A pandemia da Covid-19 acelerou a tomada de decisão rumo a uma moradia menor. Então, colocaram a casa à venda no final do ano passado, enquanto passaram a procurar um apartamento medindo em torno de 90m², com 3 quartos, num edifício de 6 apartamentos com 2 por andar e 2 vagas de garagem. Tudo se concretizou ao final de junho, com a melhoria do mercado para imóveis residenciais.

Ao se preparar para a mudança perceberam muitos detalhes que ficaram quase invisíveis ao longo dos anos que passaram na casa. Muito do que deixou de ser feito foi em nome da falta de tempo, da correria louca em função do trabalho sempre priorizado em função da sobrevivência e do crescimento. Se “consumo, logo existo”, ficou fácil de perceber porque o quartinho de bagunças estava tão cheio de bens parados, sem colocar a energia em  movimento a favor da renovação da vida. Assustador também foi descobrir a quantidade de livros, revistas e artigos de jornais armazenados na expectativa de que um dia poderiam vir a ser consultados – mesmo diante da escassez de tempo. Qual não foi o espanto diante de tantas roupas, inclusive dos filhos, sapatos, cintos, bolsas… abarrotando boa parte dos guarda-roupas, armários, mesmo que em muitos momentos tivessem dificuldades para escolher o que seria usado.

Outra descoberta foi a quantidade de modelos de aparelhos de telefones celulares e carregadores de baterias, bem como computadores, teclados, impressoras em desuso.

Na hora de reduzir a quantidade de móveis à metade para se adequar ao espaço da nova moradia é que o casal percebeu como a casa foi ficando entulhada de móveis e equipamentos eletroeletrônicos. Surgiu daí uma constatação tardia de que muito daquilo que ficou acumulado poderia ter sido útil para outras pessoas. Um pouco de desapego poderia ajudar a contrapor o alto desejo de acumulação primitiva de bens.

O fato é que a mudança de moradia trouxe a percepção, na prática, da importância e da necessidade da mudança a favor da melhoria das condições de vida em conformidade com a capacidade de processo em cada ciclo ou fase da vida, de preferencia para se viver só com o necessário e possível em função da renda, de cada um.

E você, o que pensa sobre o caso que abordei? Como está a acumulação na sua casa?

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No ano de 2015 o Suprem0 Tribunal Federal definiu que eram inconstitucionais as doações feitas por pessoas jurídicas aos partidos políticos e aos candidatos às eleições para os poderes legislativo e executivo. Com isso, secou a maior fonte de financiamento das campanhas eleitorais – cerca de 75% do valor delas vinha de doações empresariais, conforme mostram as prestações de contas feitas ao Tribunal Superior Eleitoral.

Para suprir a lacuna o Congresso Nacional aprovou, em 2017, o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), que ficou conhecido como Fundo Eleitoral. Não nos esqueçamos que o Fundo Partidário, para manutenção dos partidos políticos, existe desde de 1965.

Da montanha de dinheiro do Fundo Eleitoral, 2% são divididos entre todos os partidos registrados no TSE, 15% são divididos entre os partidos na proporção de suas bancadas no Senado, 35% são divididos entre os partidos que tenham ao menos um representante na Câmara dos Deputados e 48% são divididos entre os partidos na proporção de suas bancadas na Câmara.

Em 2018 o fundo eleitoral foi de R$1,7 bilhão e, em 2020, chegou a R$2 bilhões. Agora o Congresso Nacional quase triplicou esse valor ao aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias com a destinação de R$5,7 bilhões de reais para a campanha eleitoral.

A voracidade dos parlamentares está gerando muitos questionamentos e gritaria. Há inclusive quem defenda que seja revogada a obrigatoriedade de financiamento das campanhas eleitorais com o dinheiro do Tesouro Nacional. Ainda mais que o déficit público continua alto, cresce a cada ano e está previsto em R$170 bilhões no ano que vem.

Existem prioridades básicas a serem atendidas nesses tempos de pandemia, desemprego, carestia, fome e necessidade de auxílio emergencial. Melhor seria que os 35 partidos políticos registrados no TSE fossem autossustentáveis e buscassem, portanto, a geração dos seus próprios recursos financeiros, a começar pela doação de seus filiados. Vale lembrar que qualquer pessoa pode doar até 10% de sua renda para campanhas eleitorais, tomando como base a renda do ano anterior ao pleito.

Esse caminho mais curto e confortável para abocanhar os recursos públicos assemelha-se à criação de uma mamata que, segundo um dos verbetes do Dicionário Informal da Língua Portuguesa, significa “modo fácil de obter algo, ou às custas dos outros.”

A propósito, vale a pena ouvir a música Pecado Capital, composição de Paulinho da Viola, de 1975, feita para a novela de mesmo nome da Rede Globo de Televisão.

Pecado capital
Fonte: Letras.mus.br

Dinheiro na mão é vendaval
É vendaval!
Na vida de um sonhador
De um sonhador!
Quanta gente aí se engana
E cai da cama
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou...

Mas é preciso viver
E viver
Não é brincadeira não
Quando o jeito é se virar
Cada um trata de si
Irmão desconhece irmão
E aí!
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão!
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão!

Dinheiro na mão é vendaval
É vendaval!
Na vida de um sonhador
De um sonhador!
Quanta gente aí se engana
E cai da cama
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou...

Mas é preciso viver
E viver
Não é brincadeira não
Quando o jeito é se virar
Cada um trata de si
Irmão desconhece irmão
E aí!
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão!
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão!
E solidão! E solidão!
E solidão! E solidão!
E solidão! E solidão!
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Estamos chegando ao 18º mês da pandemia da Covid-19 sob a égide da variante Delta e outras denominações caracterizadas pela velocidade da transmissão do vírus. Enquanto isso o processo de imunização prossegue dentro do possível, premido pela capacidade política, gerencial e comportamental de todos os envolvidos. É claro que a cada qual com o seu qual, cumprindo ou descumprindo os papeis que lhes cabem.

Enquanto isso o tempo vai passando, cada pessoa e cada organização humana pulando de toda maneira para sobreviver em meio à crise gerada, que pegou todo mundo de surpresa e instalou o medo, a incerteza e a insegurança. Diversas mudanças se fizeram necessárias e obrigatórias em novos e rigorosos comportamentos sanitários e trouxeram as discussões sobre os trabalhos presenciais essenciais e os que poderiam ser feitos remotamente. O que se percebeu rapidamente foi a aceleração dos serviços de entrega de bens via delivery decorrentes das compras online. Esse serviço já era uma realidade e apenas ganhou um grande incremento para resolver as novas necessidades da logística.

Nesse momento é mais que importante avaliar a qualidade dessas entregas, que são a parte final do processo de compra. Também é importante analisar as condições de trabalho dos entregadores – muitos deles ficaram desempregados na pandemia – bem como a relação da essencialidade do trabalho com a priorização para a vacinação e os treinamentos recebidos para realizar um trabalho consciente, não alienado.

Nunca é demais relembrar fundamentos da gestão que devem nortear as relações das pessoas quando estão no papel de clientes ou de fornecedoras, que podem mudar dinamicamente de lugar em cada processo em que se envolvem. Uma pessoa ao adquirir um bem ou serviço vive a expectativa que ele tenha a qualidade intrínseca especificada, um preço justo e o atendimento marcado pela entrega no prazo combinado, na quantidade requerida e no local definido. Cabe ao fornecedor saber que a sua entrega, os seus resultados serão medidos pelo seu cliente ao avaliar se tudo foi feito conforme as especificações combinadas no início da compra.

No caso aqui, podemos avaliar as compras de alimentos provenientes de restaurantes, lanchonetes, padarias, sacolões e distribuidoras de bebidas, por exemplo.

Como tem sido a sua própria experiência e a de outras pessoas da sua rede de relacionamentos nesses casos? Será que existem mais elogios do que reclamações sobre as entregas feitas pelos profissionais, que geralmente em sua maioria usam motocicletas? Os prazos combinados para as entregas tem sido cumpridos à risca ou às vezes acontecem atrasos? De vez em quando até acontecem alguns adiantamentos inesperados e o cliente reclama porque estava sozinho em sua residência e resolveu tomar um banho enquanto esperava a hora prevista para a entrega, me contou um vizinho. Uma outra vez alguém comentou que solicitou 4 sanduíches e 1 dúzia de latinhas de cerveja e quando foi conferir, já dentro de casa, percebeu que estava faltando 1 unidade de cada modalidade. O frete já embutido no preço, o modo de pagamento, a embalagem dos bens recebidos ou um pedido de uma boa avaliação feita pelo entregador também recebem muitos comentários e considerações. O que você acrescentaria a esses tópicos?

Já imaginou como seria sua postura se você estivesse no papel de entregador durante a pandemia?

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Desde final de junho e início de julho os ipês de Belo Horizonte começaram a florir mais intensamente. Vemos a cor rosa, mas o nome dessa espécie é ipê-roxo.

Ipê-roxo – Foto: Marina Borges

Ainda virão nesta temporada as flores nas cores rosa, amarela e branca.

Você já percebeu esse fenômeno ao olhar a paisagem de seu bairro ou na cidade de Belo Horizonte como um todo, e até mesmo na região metropolitana?

Ipê-roxo. Foto: Sérgio Verteiro

Ainda dá tempo de olhar bem, de prestar atenção e perceber nitidamente a exuberante beleza que a natureza nos proporciona, apesar de nem sempre termos a mesma reciprocidade com ela.

Ipê-roxo. Foto: Marina Borges

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Há quanto tempo você ouve alguma afirmação sobre a necessidade de fazer uma reforma tributária no país, que a carga tributária é alta- 37% do PIB – e que a taxação é regressiva – proporcionalmente, paga mais quem ganha menos? Essas constatações estão no ar há pelo menos 30 anos, e ganharam mais intensidade de 2015 para cá, período marcado por recessão ou baixíssimos índices de crescimento econômico.

Segundo o dicionário Houaiss o substantivo reforma significa “mudança introduzida  em algo para fins de aprimoramento e obtenção de melhores resultados; nova organização, nova forma; renovação”, conforme consta no segundo dos 10 verbetes. Nesse sentido é importante trazer à lembrança os processos de reformas como a político- partidária que nunca avança, enquanto convivemos com remendos na lei a cada ano que antecede as  eleições, inclusive com o abusivo fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões para o próximo ano. Vale também lembrar das reformas de base, a começar pela Agrária, falada desde o início dos anos 60 do século passado, ou da reforma Urbana em décadas mais recentes

Por outro lado é fundamental perceber criticamente as reformas que chegaram a ser aprovadas, como a Reforma Trabalhista em 2017, que precarizou as relações de trabalho, e a Reforma da Previdência Social em 2019 cujos efeitos já são sentidos na pele, notadamente no setor privado. Essas reformas foram vendidas como a panaceia para resolver problemas como o desequilíbrio das contas públicas, remover privilégios de algumas categorias profissionais e combater o desemprego com a geração de 10 milhões de postos de trabalho, para citar apenas algumas premissas. E nem sempre os falados benefícios se verificaram na prática.

Finalmente, a primeira fase da Reforma Tributária foi enviada pelo Ministério da Economia ao Congresso Nacional em julho do ano passado. Ela propunha a simplificação do processo de arrecadação de tributos com a fusão de alguns impostos e contribuições com a criação do Imposto sobre Bens e Serviços – IBS. Tudo continua parado na Câmara dos Deputados.

No final de junho chegou ao Congresso a proposta da segunda fase da Reforma Tributária, tratando do imposto de renda (IR) das pessoas físicas e jurídicas, cujo texto base foi feito pela Receita Federal. Foi um balão de ensaio, com uma mera correção de 32% da altamente defasada tabela do IR, a limitação da declaração do IR no modelo simplificado só para quem tem renda de até R$40.000,00 anuais e a taxação de lucros e dividendos em 20%. Tudo isso para ser aprovado a toque de caixa pelo Congresso até dezembro para entrar em vigor no ano eleitoral de 2022.

Diante das reações imediatas das pessoas jurídicas o deputado federal relator da proposta apresentou um substitutivo em 13 de julho – assinado também pelo Ministro da Economia, o Superintendente da Receita Federal e o Presidente do Banco Central – reduzindo drasticamente a alíquota do IR das pessoas jurídicas para 2,5% ao invés dos 15% atuais. Além disso, cortou os incentivos fiscais para o programa de alimentação dos trabalhadores das empresas optantes pelo lucro real para a apuração do Imposto de Renda e jogou quem recebe de R$40.000,00 a R$83.000,00 anuais no modelo completo do IR, com gritante aumento de carga tributária numa verdadeira “passagem da boiada”.

No momento a falação e os questionamentos recaem sobre se haverá aumento ou redução da carga tributária, impacto do volume de recursos do imposto de renda a ser repassado pela União para os Fundos de Participação dos Estados- FPE e dos Municípios- FPM, a tributação de empregados que recebem seus salários como Pessoa Jurídica-PJ e o incremento da dedução de despesas diversas não ligadas diretamente ao negócio no caixa de empresas optantes pelo lucro real.

Haverá mesmo condições de discutir tudo isso em tão pouco tempo? O que será entregue à sociedade vai ser melhor para quem? A conferir!

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Curtas e curtinhas

por Luis Borges 16 de julho de 2021   Curtas e curtinhas

Arrecadação do ICMS em MG 

Dados divulgados pelo Portal da Transparência do governo do estado de Minas Gerais mostram que a arrecadação do ICMS no primeiro semestre de 2021 foi de R$30,52 bilhões. O valor é R$7,13 bilhões superior ao que foi arrecadado no mesmo período de 2020 (R$ 23,38 bilhões). Dessa diferença, 25% pertencem constitucionalmente aos municípios – R$ 1,78 bilhão – e 75% – R$ 5,35 bilhões ao estado.

Enquanto isso, o estado deve em torno de R$7 bilhões aos municípios e entidades sem fins lucrativos relativos a convênios para a prestação de serviços de saúde previstos nos orçamentos de 2009 a 2020.

Por que o Governador de Minas não toma a decisão política de começar a pagar essa dívida usando, por exemplo, R$2,35 bilhões desse crescimento da arrecadação e conclui o restante em parcelas mensais nos próximos 4 anos?

Preço dos combustíveis 

O site Mercado Mineiro divulgou os resultados de suas pesquisas feitas na semana passada nos postos de combustíveis de Belo Horizonte e região metropolitana. Segundo o economista Feliciano Abreu, o preço médio do litro de gasolina, que era de R$4,64 em janeiro, chegou a R$5,88 agora, sendo que o menor preço encontrado foi de R$5,66 e o maior R$6,29. Em síntese, o aumento foi de 26,5%, ou seja, de R$1,23.

O litro de etanol subiu 31,96%de janeiro para cá. Seu preço médio naquele mês era de R$3,21 e agora está em R$4,24.O menor preço encontrado foi de R$4,05 e o maior R$4,99.

Já o litro de óleo diesel S10, cujo preço médio era R$3,84 em janeiro, aumentou 22% e agora está em R$4,69. O menor preço encontrado foi de R$4,38 e o maior R$4,99.

Como fazer diante de tamanha inflação que solapa o nosso poder aquisitivo em apenas 6 meses? Nesse mesmo período o IPCA do IBGE registrou aumento de 3,77% – que nem sempre é repassado para os salários dos trabalhadores.

O preço do barril de petróleo 

Antes da pandemia da Covid-19 o preço do barril de petróleo estava em torno de U$45,00 no mercado internacional. Os membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os produtores independentes reduziram a produção em função da queda da demanda. Agora, diante do aumento do consumo, os produtores continuam sem aumentar a produção e tentam chegar a um consenso sobre qual poderia ser um novo patamar diante da nova realidade. Enquanto isso, o preço do barril está em torno dos U$78,00, e a Petrobras mantem a sua política de preços indexados ao mercado internacional – dolarizado.

É o mercado se autorregulando em função da oferta e da procura segundo os fundamentos do liberalismo econômico. Simples assim… se vier uma greve de caminhoneiros, quem sabe vem como solução o tabelamento de preços do óleo diesel dentro do mesmo liberalismo. A conferir.

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Sem cair na indiferença

por Luis Borges 13 de julho de 2021   Pensata

Faz tempo que a civilização brasileira tem sido marcada pela polarização política, que deve prosseguir cada vez mais intensa até as eleições presidenciais em outubro de 2022 – em pouco menos de 15 meses. Diante de tantas convicções de lado a lado, eis que vem à tona a tentativa de criar uma terceira via, buscando dizer que “nem um, nem outro”. Para tornar tudo um pouco mais complexo e complicado ainda temos a pandemia da Covid -19 a desafiar a arte de viver. Quantas mudanças tornaram-se obrigatórias diante do foco na necessidade de sobreviver apesar de todas as pedras do caminho, muitas delas surgidas por ações e omissões?

Considerando que tudo começa com a gente, seja individualmente e, a seguir, nas relações familiares e com os amigos, que percepções temos e que avaliações podemos fazer sobre o impacto da polarização no nosso cotidiano? Será que estamos conseguindo dar conta de prosseguir na caminhada mantendo a saúde mental e o convívio saudável, agradável e respeitoso com aqueles que estão mais próximos de nós? Percebo que tudo está muito desafiador e a nos exigir grande paciência histórica no esforço para viver e vencer um dia de cada vez, mas também carregados de expectativas sobre o que pode estar vindo por aí. Tudo isso sem deixar cair no esquecimento o filósofo grego Heráclito que no ano 508 antes de Cristo disse que “nada é permanente a não ser a mudança”. Como tem sido nossas atitudes e posturas diante do despreparo que nos torna mais fracos para enfrentar novas condições na sociedade em suas diversas camadas e nas nossas vidas com suas particularidades?

A cada dia ficamos sabendo de casos numa família ou num grupo de amigos, colegas de trabalho ou de vizinhos protegidos, por exemplo, em que alguém postou algo num grupo de WhatsApp e que alguns membros não gostaram. A consequência mais imediata tem sido o cancelamento, a exclusão monocrática, fora os demais desdobramentos na sequência. É obvio que se gasta muita energia para se ter uma participação efetiva nesse tipo de rede com variações em torno de uma bolha. Aliás, muitos são aqueles que sabem falar – e muito – quase como juízes do mundo da verdade absoluta. Porém não sabem ouvir. Os ditados populares dizem que “quem fala demais dá bom dia a cavalo” e “quem fala o que quer, ouve o que não quer”.

Imagine especificamente os casos de famílias ou amigos rachados pela polarização política e pelos patrulhamentos ideológicos. Muitos já são aqueles que tem preferido ficar à margem dos grandes embates para só conversar amenidades e prosseguir na convivência. Dizem que é melhor ficar no “modo silencioso” para não criar transtornos. Porém, qual deve ser a dosagem desse silêncio para não cair na indiferença?

 E você, caro leitor, como tem se posicionado em tempos tão belicosos?

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