Fevereiro está na passarela

por Luis Borges 8 de fevereiro de 2023   Pensata

O tempo prossegue passando inexoravelmente, sem piedade e sem escapatória. Pensando nisso constatei que a virada do ano foi outro dia mesmo, porém já se passaram 40 dias de muitos acontecimentos no novo ano. Vou citar aqui algumas coisas que chamaram minha atenção nesse período, além de expectativas esperançosas e realistas que tenho para esse novo tempo que segue avançando.

De cara, foi marcante a posse do novo Presidente da República, democraticamente eleito, com todo o simbolismo trazido pelas pessoas que subiram com ele a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 1º de janeiro.

Depois, vieram os inaceitáveis atos terroristas perpetrados por golpistas contra a Democracia Constitucional Brasileira, com a invasão às sedes dos Três Poderes, também em Brasília, no dia 8 de janeiro. Os atos tem que ter consequências.

Continuando a olhar para o tempo que passa, vale lembrar que quem está com fome tem pressa, que uma meta prioritária é a de Fome Zero e que é preciso ter uma data para acontecer. Caso contrário, se tornará apenas um objetivo cheio de boas intensões. Por isso mesmo é que fico na expectativa de que já esteja sendo feito um potente plano de ação, contendo as medidas estratégicas, necessárias e suficientes para o atingimento dessa desafiadora meta.

Tratamento semelhante deve ser dado ao Desmatamento Zero e às condições de vida dos povos indígenas, a começar pelos Índios Yanomâmis que estão em degradantes condições de vidas e com suas terras invadidas pelos mineradores.

Por outro lado, em Belo Horizonte, e não só aqui, o momento é de pré-carnaval, oficialmente iniciado em 4 de fevereiro, para tudo se acabar no pós-carnaval, em 26 do mesmo mês.

Como o tempo não para enquanto escrevo, fico também com a certeza que logo chegaremos aos 100 dias do atual Governo Federal, em 10 de Abril. Isso já depois do Carnaval, Semana Santa e a Páscoa com seu significado de passagem, digamos, para os novos propósitos de melhorias das condições de vida.

Passado esse tempo, dá para imaginar que a equipe de Governo estará alinhada na frente ampla negociada segundo o principio de que a politica é a arte do diálogo e do possível, tudo em nome da governabilidade.

É claro, que o Presidente, líder e comunicador, fale apenas o necessário. A hora é de focar no trabalho com método e não já começar a falar em reeleição.

Tenho uma expectativa realista de que passados 100 dias tenham sido entregues à Nação o salário mínimo de R$ 1.320,00 ao lado da correção da tabela do Imposto de Renda na fonte com a isenção até ganhos mensais de R$5.000,00 – existe um balão de ensaio para que seja 2 salários mínimos.

Também espero pela retomada do programa Minha Casa Minha Vida, com a volta da faixa 1 para atender a quem mais precisa da moradia e tem a menor renda.

Para encerrar essa pequena amostra de expectativas e percepções, registro o fato de ter sido criado o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. Porém, é preciso lembrar que o modelo de gestão só será implementado se o Presidente da República liderar o processo e cobrar de todas as instâncias governamentais a entrega de resultados com método. Esse deverá ser um caminho sem volta, pois gestão é o que todos precisam, embora nem todos ainda saibam que precisam.

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 1 de fevereiro de 2023   Curtas e curtinhas

Prédio do BNDES não terá elevador exclusivo para a diretoria

Após ter seu nome aprovado para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, o economista Aloizio Mercadante Oliva (PT –SP) se reuniu com a Associação dos Funcionários do Banco. Ele comunicou que em sua gestão não haverá mais o elevador exclusivo para diretores, superintendentes e convidados, ao contrário do que ocorreu no mandato anterior. Agora o elevador também poderá ser usado pelos funcionários idosos, gestantes, pessoas com deficiência e imunossuprimidos.

Tudo será pelo social? E o elevador de serviços?

Aumento das alíquotas de ICMS sobre medicamentos

No final do ano de 2022, 12 Estados da federação aumentaram as alíquotas do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS de diversos produtos, inclusive medicamentos, para compensar a redução dos tributos sobre combustíveis, energia, transportes e telecomunicações feita no ano passado pelo Governo Federal. As novas alíquotas variam de 19% a 22% e tem previsão de vigorar a partir de fevereiro de 2023. Além disso, em março ocorrerá o aumento anual dos medicamentos, baseado na inflação especifica do setor farmacêutico, que acaba sendo sempre superior ao IPCA do IBGE, que registra a inflação média do país. A cadeia produtiva da Indústria Farmacêutica está questionando esse aumento do ICMS e fala até em desabastecimento de certos medicamentos enquanto tenta negociar com as Secretarias Estaduais da Fazenda.

Ainda vale lembrar a constituição brasileira, ao dizer que “a saúde é um direito de todos e um dever do Estado”. É o que temos para hoje!

Após reforma da previdência, aposentadorias demoram mais

Um estudo feito pelo então Ministério do Trabalho e Previdência Social mostrou que, de 2019 a 2021, o tempo médio para a aposentadoria de um trabalhador aumentou em 2,8 anos. O tempo adicional foi de 3,5 anos para os homens e de 2 anos para as mulheres. O objetivo do estudo foi buscar uma estimativa dos primeiros efeitos da reforma da previdência social sobre a idade média para a aposentadoria dos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social -INSS, variável considerada fundamental para a maior sustentabilidade do Regime Geral de Previdência Social – RGPS.

Segundo os estudos, a idade média das aposentadorias dos homens passou de 58,7 para 62,2 anos e das mulheres de 57,3 para 59,3 anos. A meta da reforma é que a idade mínima para a aposentadoria dos homens seja de 65 anos e a das mulheres 62 anos.

Vamos ver quanto tempo passará até surgir um novo discurso falando da necessidade de se fazer outra reforma no Regime Geral de Previdência Social.

Aumenta o número de brasileiros em frente às telas

Uma pesquisa coordenada pelo professor Rafael Moreira Claro, do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, revelou dados importantes sobre o aumento do tempo gasto pelas pessoas diante das telas de lazer.

Segundo o professor, entre os anos de 2016 a 2021, “os moradores das capitais brasileiras aumentaram o tempo gasto no lazer em celular, computador ou tablet (grupo chamado CCT) de 1,7 para 2 horas por dia. O tempo médio à frente de uma tela de TV, por sua vez, oscilou minimamente no período — de 2,3 para 2,2 horas por dia.

Também chamou a atenção dos pesquisadores o aumento da proporção de adultos que gastam três ou mais horas por dia em CCT: de 19,9% para 25,5%. Os pesquisadores destacam que essa tendência é observada em todos os grupos sociodemográficos, principalmente entre os mais jovens (18 a 34 anos), mulheres e pessoas com 9 a 11 anos de estudo”.

Essas conclusões podem inspirar uma mudança de hábitos perante o sedentarismo?

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 26 de janeiro de 2023   Curtas e curtinhas

Orçamento de Minas Gerais em 2023 prevê déficit de R$ 3,5 bilhões

O governador Romeu Zema sancionou, com dois vetos, a lei orçamentária do estado de Minas Gerais para o ano de 2023. A receita fiscal foi estimada em R$ 106,1 bilhões e a despesa, em 109,6 bilhões, o que significa um déficit de R$ 3,5 bilhões. No ano passado, o déficit projetado foi de R$ 11,7 bilhões. A lei prevê redução de 15,6% na receita fiscal do estado nesse ano. A principal fonte de receitas será o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), com arrecadação estimada em R$ 71,5 bilhões. Já a receita com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) está estimada em R$ 8,5 bilhões após o aumento de 15,1%.

Por outro lado, a despesa fiscal deve encolher 20,2% neste ano. A previsão é que os gastos com o pagamento de juros e encargos da dívida com a União caiam 77,2%. Vale lembrar que essa dívida está estimada em R$ 125 bilhões e faz alguns anos que seu pagamento está suspenso por uma liminar do Supremo Tribunal Federal – STF. Se somarmos a dívida de R$ 7,5 bilhões com o Banco do Brasil, R$ 6,9 bilhões com o BIRD, a de R$ 6,97 bilhões com depósitos judiciais, a de R$ 1,24 bilhão com o BNDES, a de R$ 3,98 bilhões com o Credit Suisse e outros R$ 4,1 bilhões de origens diversas chegaremos a uma dívida total consolidada do estado de cerca de R$ 156,64 bilhões. Portanto, essa divida equivale a aproximadamente 1,5 vezes a receita fiscal estimada para o ano de 2023.

Só nos resta acompanhar a gestão do Orçamento para verificar o índice de acerto sobre o que foi planejado e o que foi executado conforme as premissas estabelecidas.

Lojas Americanas não descartam demissões de empregados

Após a aceitação do pedido de recuperação judicial feito à justiça, as Lojas Americanas comunicaram a seus empregados em nota distribuída internamente a sua posição em relação a possíveis demissões e pagamento de salários. A nota sobre os dois temas foi feita em forma de perguntas e respostas, conforme se segue:

“Haverá demissões? Neste momento, a companhia está focada na manutenção das operações. Um plano estratégico de otimização dos recursos está em andamento para que decisões que garantam a sustentabilidade da companhia tenham efeitos em curto prazo. Em processos como esse, é comum que haja reestruturação”.

“Os salários serão pagos? A lei prevê que os salários sejam pagos normalmente durante o período em que a empresa estiver em recuperação judicial”.

Segundo Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários da Cidade de São Paulo, a resposta da empresa foi dada após os questionamentos de empregados.

Como se vê, estamos apenas no início de uma trajetória que promete ser longa.

Quantidade de passageiros cresceu na aviação

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, a movimentação de passageiros em voos domésticos e internacionais no ano passado foi a maior desde 2020. A Agência contabilizou cerca de 82 milhões de viajantes nos voos domésticos, o que mostra um crescimento de 30% em relação ao ano de 2021, mas apenas 86,5% em relação a 2019, ano que antecedeu o início da pandemia.

Por outro lado, nos voos internacionais a quantidade de passageiros foi de 15,6 milhões, um aumento de 226% em relação ao ano de 2021. Ainda segundo a ANAC, houve alta também na movimentação de cargas sendo transportadas: 429,6 mil toneladas dentro do país, crescimento de 7,3%, e quase 989 mil toneladas de carga internacional, avanço de 2,1% na comparação com 2021.

Vale a pena também observar os preços cobrados pela prestação desses serviços aéreos pois eles sempre estão lá nas alturas, bem acima das aeronaves.

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Curtas e Curtinhas

por Luis Borges 19 de janeiro de 2023   Curtas e curtinhas

Tabela do imposto de renda continua sem correção  

Um dos temas da campanha eleitoral para a Presidência da República foi a correção da tabela do imposto de renda retido na fonte. Ela está literalmente congelada desde 2017 e foi parcialmente corrigida em alguns dos anos anteriores. Em relação à série histórica iniciada em 1996, a defasagem na correção está em torno de 145%.

A proposta do candidato Bolsonaro na campanha eleitoral previa isentar do imposto quem tem rendimentos mensais até o limite de 5 salários mínimos, a mesma feita na campanha de 2018 e não cumprida durante seu mandato presidencial. Já a proposta do candidato Lula é de isentar os rendimentos até R$ 5.000,00, ou seja, 3,84 salários mínimos. Enquanto nada acontece a isenção do imposto de renda continua para os ganhos até R$ 1.903,00 mensais. Quem conseguir algum índice de reposição salarial, por menor que seja, terá simplesmente garantido também um aumento em sua carga tributária em função da tabela congelada. Mas, faz alguns anos que nos acostumamos com isso e nada mais aconteceu.

Salários dos professores federais estão congelados desde 2015  

Os salários dos membros do Poder Legislativo (Senadores e Deputados), Poder Judiciário – a partir dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – e do Presidente da República com seus Ministros foram reajustados de 37% a 50% divididos em 3 parcelas anuais. A justificativa foi a necessidade de se corrigir perdas inflacionárias dos últimos 8 anos (2015 a 2022). Assim, em 2025, o teto para o salário de um servidor público federal será de R$ 46.366,00 que equivale ao salário de um ministro do STF.

Enquanto isso, os professores das universidades federais e dos institutos tecnológicos federais estão com seus salários defasados em torno de 60%, pois não são corrigidos desde 2015. Por outro lado, está previsto no orçamento da União desse ano um reajuste de 9% para os servidores do Poder Executivo, entre os quais estão incluídos os professores. Vamos aguardar o início das negociações e a mobilização dos professores. A conferir.

A Operação Tapa Buraco em Belo Horizonte  

O orçamento de 2023 da Prefeitura de Belo Horizonte prevê receitas e despesas de R$ 17 bilhões. Os gastos com a saúde serão de R$ 5,6 bilhões, os da Educação R$ 2,9 bilhões e os da Operação Tapa Buraco das vias públicas consumirão R$ 47,0 milhões. No ano passado, essa operação custou R$ 40,0 milhões aos cofres da Prefeitura, quando foram tampados pouco mais de 178 mil buracos.

A Prefeitura informou também que a Operação Tapa Buraco será intensificada nos próximos 60 dias, quando serão gastos R$ 8 milhões com os serviços.

Enquanto isso, os cidadãos poderão continuar a contabilizar as suas perdas causadas pelas más condições das vias públicas e relembrar as emoções vividas ao enfrentar os buracos que nos fazem lembrar de um tabuleiro de pirulitos.

Sindicatos dos Comerciários de São Paulo e as Lojas Americanas   

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo iniciou uma série de visitas às unidades das Lojas Americanas para orientar os trabalhadores sobre o escândalo contábil de R$ 20 bilhões da grande varejista do comercio.

Segundo Ricardo Patah, presidente do sindicato, a ideia é estabelecer um canal de diálogo para receber relatos sobre eventuais reflexos do problema no cotidiano dos trabalhadores. Ele diz que “infelizmente, no Brasil, nós tivemos muitas experiências de falências, como Casa Centro, Mesbla, Mappin e outras. Estamos tomando medidas preventivas, caso isso venha a acontecer, porque o valor é exorbitante e o número de funcionários é enorme, são 40 mil no país. Não queremos que tenha consequências sobre os trabalhadores”.

Ele afirma ainda que o sindicato preparou um documento convidando a empresa para explicar quais são as possíveis consequências do caso e se há risco de impacto no emprego. Também vai encaminhar ao Ministério Público do Trabalho um documento para demonstrar preocupação e sugerir atuação em conjunto para compreender o problema.

Como sempre, é fácil prever de que lado e como a corda vai arrebentar.

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Uma reflexão de Natal 

por Luis Borges 19 de dezembro de 2022   Pensata

O clima de Natal nos embala nesse momento, trazendo muitas expectativas esperançosas que foram surgindo no tempo do advento. Não foi nada fácil caminhar e chegar até aqui, mas o fato é que chegamos após passar pelo intenso período chuvoso do início do ano, que já está de volta, pela perda do poder aquisitivo diante da alta inflação, polarizado processo eleitoral, repique da covid-19, Black Friday, perda – mais uma vez – da Copa do Mundo de Futebol… Isso é apenas uma pequena amostra do turbilhão de fatos e dados que mexeram, e mexem muito, com as nossas cabeças e também com a saúde mental abalada por tantas preocupações, trazendo incerteza, insegurança…

Mas, se enfim é Natal, é também o momento para renascer, crescer de novo, germinar de novo muitos bons propósitos que permanecem adormecidos em nós.

Por que não almejar a felicidade na unidade de ação em vez de simplesmente querer ter razão em tudo que se diz e se faz?

Espero que o Natal seja esse tempo propício para nos ajudar a melhorar continuamente as práticas na vida de uma sociedade que queremos civilizada, respeitosa, democrática e lastreada na verdade.

Não devemos nos esquecer que tudo começa com a gente, com os motivos para a ação – motivação – que vem de dentro de nós. O querer é nosso!

Coloquemos o esperançar em ação para que as esperanças se transformem em realidade a favor do melhor viver de todos nós.

Que o natal seja de luz e sabedoria para nos ajudar a melhor compreender a complexa arte que é a vida!

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Em 1924, teve início nos Estados Unidos da América a Black Friday, na última sexta-feira de novembro. O objetivo principal é o giro do estoque existente no comércio com descontos bem atrativos para, na sequência, se focar nas vendas para o Natal, cada dia mais próximo.

A ideia foi transplantada para o Brasil em 2010, inicialmente online, e a cada ano vai se consolidando como uma das grandes datas do comércio, como já ocorre com a Páscoa, dia das Mães, dos Pais, das Crianças, dos Namorados e do Natal.

Em muitos casos, a Black Friday acaba sendo antecipada ou estendida por alguns dias ou semanas conforme a estratégia de cada negócio.

Por aqui, ela também está muito associada à ideia de que existe fraude na medida em que, muitas das vezes, os preços vigentes anteriormente são aumentados para que em seguida possam ser dados os reluzentes descontos. Já ficou famosa a frase “comprar pela metade do dobro”. Provavelmente, vários de nós teremos um ou mais casos para contar sobre algumas ocorrências boas ou ruins no contexto da Black Friday.

Um caso que fiquei sabendo nesse ano foi o de uma senhora cinquentenária que comprou uma escova secadora de cabelos, que fazia parte de sua lista de desejos há algum tempo. O pedido de compra foi feito diretamente no site de vendas de uma indústria que fica no Estado do Paraná.

Ela preencheu todas as condições exigidas, considerou o preço e frete compatíveis na relação benefício e custo, bem como cabíveis em seu orçamento. O boleto foi emitido por um banco privado e pago imediatamente numa agencia lotérica. Assim, a empresa confirmou a aceitação do pedido de compra e ratificou a venda à cliente. Vale lembrar que o boleto foi pago na sexta-feira, 18 de novembro, portanto uma semana antes da data convencionada para Black Friday.

Na terça, dia 22, o valor do boleto foi creditado na conta da compradora numa agência da Caixa, que não era vinculada diretamente à lotérica. A gerente da agência tentou entender a causa do estorno do boleto, mas não percebeu nenhuma irregularidade. A compradora entrou no site de vendas da indústria e recebeu a informação de que sua compra foi cancelada. Logo em seguida ela reapresentou o pedido de compra e recebeu uma resposta dizendo que não seria possível o atendimento devido à falta de estoque.

Só aí ficou claro porque o valor do boleto foi creditado na conta da compradora. A indústria aceitou uma quantidade de pedidos superior ao estoque que tinha disponível. Pelo visto, o controle do estoque errou, e muito. A solução foi cancelar uma certa quantidade de pedidos sem abrir o jogo para assumir a grotesca falha. Deixou que cada cliente descobrisse a seu tempo que o desejo de comprar uma escova secadora daquela indústria naquela promoção ficou inviável. Enquanto isso, vigora no país o código de defesa do consumidor e a imagem da Black Friday recebe mais um arranhão.

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Quando o empregado demite o patrão

por Luis Borges 29 de novembro de 2022   Pensata

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social, relativos ao mês de agosto de 2022, mostraram que 632.798 pessoas com carteira de trabalho assinada pediram demissão, ou seja, demitiram seus empregadores. Esse número foi um recorde dentro da série histórica feita com a metodologia introduzida em 2020.  O valor mais alto alcançado anteriormente foi de 603.136 pedidos de demissão em março desse ano, o que equivale a 33,2% do total naquele mês. Essencialmente, os números mostram que nos últimos 12 meses (setembro/21 a agosto/22) um em cada três trabalhadores desligados pediram demissão.

Dá para imaginar que nem todos conseguiram fazer algum tipo de acordo sobre itens como o cumprimento ou não de aviso prévio, recebimento da multa de 40% do saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –FGTS – e manutenção durante um determinado tempo de algum tipo de benefício, como por exemplo, plano de saúde.

Mas, como assim, tanta gente pedindo demissão numa conjuntura tão difícil para o trabalhador, onde prevalecem as estratégias de sobrevivência? Ou existe um limite para o que se torna insuportável?

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE do trimestre julho-agosto-setembro mostrou o desemprego em 8,7 % da população economicamente ativa (PEA), chegando a 9,5 milhões de brasileiros.

Ainda temos os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho, cujo número está em 4,3 milhões.

Para melhor entender esse fenômeno, precisamos conhecer as principais causas que fazem parte do gerador desse efeito, o pedido de demissão. Alguns levantamentos feitos por estudiosos do mercado de trabalho recentemente mostram que entre as causas mais citadas estão a insatisfação com salários/benefícios, pouca flexibilidade na jornada de trabalho , mais chefes comandando e menos gestores liderando, piora da saúde mental, inclusive com a exaustão no trabalho, baixo índice de autorrealização, clima organizacional tóxico agravado por assédio moral e preconceitos quanto a gênero, raça e sexualidade.

Essas causas podem e devem ser desdobradas para dar mais consistência e coragem à aqueles que acreditam que existe vida fora do atual ambiente de trabalho, inclusive para a criação de um negócio próprio. Nesse caso, é preciso conhecer qual necessidade vai ser atendida, de quem ela é (Cliente) e como será atendida. Como dizia Heráclito no ano 308 antes de Cristo: “nada é permanente, exceto a mudança”. Mas não nos esqueçamos que tudo depende também do nosso querer e da nossa capacitação.

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Com quem passar o Natal?

por Luis Borges 22 de novembro de 2022   Pensata

O calendário da Igreja Católica estabelece que 27 de novembro de 2022 será o primeiro domingo do advento e com ele serão iniciadas as quatro semanas preparativas para o Natal. Neste ano, a festa pelo nascimento de Jesus se dará com a sociedade brasileira bastante polarizada, o que se acentuou no recente processo eleitoral e seus desdobramentos, trazendo distanciamento e rompimento entre muitas pessoas e famílias. Ainda vale lembrar que nos dois anos anteriores o Natal aconteceu em meio às medidas sanitárias, inclusive distanciamento social, determinadas para combater a disseminação da Covid-19. Aliás, nesse momento, também estamos diante da retomada do uso de máscaras em função do rápido avanço das mais novas variantes do vírus. Será que essa nova onda se encerrará antes do Natal?

Mas o fato é que na nossa cultura muito se fala que o Natal deve ser passado em família e a virada do ano com amigos. Todavia, como viabilizar isso após tantos rachas, rompimentos e profundos silenciamentos entre familiares, primos, amigos e até mesmo entre colegas de trabalho e irmãos de fé cristã? Como conciliar o espírito natalino com a intolerância e a dificuldade que muitas pessoas tem para aceitar opiniões diferentes?

Isso é o que está posto na conjuntura e será necessário muito diálogo e compreensão para juntar os cacos entre os que ainda sentem falta dos que estão afastados, distantes sem dar sinais de um possível reatamento. Para isso é preciso querer, mas o bloqueio, por parte de muitos, é permeado pelo ódio, a intolerância e o desrespeito, que é mais uma negação da sociedade civilizada em que imaginamos viver no regime democrático.

Nesse sentido, são muitos os relatos de verdadeiros “barracos” em família, gerando constrangimentos e posturas envergonhadas… mas o desafio é a mudança do clima para que as pessoas se reaproximem em nome do espírito natalino. Será que vai dar tempo? Ou o jeito será admitir que nem todos passarão o natal em família. Até quando, ainda que em nome da sobrevivência?

Buscando conhecer para melhor compreender o que se passa nas relações familiares e as expectativas de qualidade nas relações entre seus membros, vou citar o que disse a psicóloga Márcia Almeida Batista, diretora da clínica psicológica da PUC-SP, em recente entrevista ao UOL. “A polarização política tem intensificado conflitos familiares (…) Temos uma fantasia de que só porque somos da mesma família queremos as mesmas coisas, o que não é verdade. Podemos ter visões diferentes (…) Quando tem um clima de polarização e disputa na sociedade, isso gera reverberações dentro de todas as instituições, como escola, empresas e, inclusive, na família (…) A questão não está em expor o conflito, mas sim no modo como a gente vai mostrá-lo para o outro.”

Enquanto isso, o natal se aproxima e nós vamos fazendo nossas escolhas. Com quantos e quais, mesmo assim, passaremos o natal em família? Na casa de quem?

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Passados 15 dias da proclamação dos eleitos para a Presidência (Lula) e Vice-Presidência (Alckmin) da República, um tema que mexe com a atenção de quem acompanha a cena política é a designação dos membros da equipe que está fazendo a transição para o futuro governo.

Partindo da premissa de que a política é a arte do possível, e que ela conta com o diálogo entre as partes envolvidas, fico imaginando a quantas andam as conversas e as articulações na coalizão dos 14 partidos que estão alinhados com o Presidente eleito. Na pauta estão temas como responsabilidade fiscal, teto de gastos, bolsa família, revisão da reforma trabalhista, reforma tributária, correção da tabela do imposto de renda, subsídio à merenda escolar, reajuste dos salários dos servidores do poder executivo, proteção ao meio ambiente…

Será necessário ter muita inspiração, transpiração e priorização para se chegar a um generoso consenso definidor da unidade de ação para colocar em movimento a gestão do novo mandatário eleito democraticamente. O posicionamento e o reposicionamento estratégico serão um desafio permanente. Aqui vale a lembrança do engenheiro Leonel de Moura Brizola dizendo que “quanto maior a frente, menor o programa”. Agora vejo na mídia, por exemplo, que existem petistas incomodados com a chegada cada vez maior de pessoas ligadas ao vice-presidente à equipe de transição coordenada por ele. E olha que ainda existem diversas possibilidades de se convidar especialistas para contribuir com o trabalho de modo voluntário. É claro que isso traz visibilidade e amplia as possibilidades de um voluntário participar da futura equipe de governo.

Observando & analisando tudo isso, me veio à lembrança a música Os Alquimistas Estão Chegando, feita pelo cantor e compositor Jorge Ben Jor em 1974. Ela se encaixa muito bem na conjuntura atual. De quebra ela traz a palavra alquimia que, segundo o dicionário Houaiss da língua portuguesa, é “a química da Idade Média, que procurava descobrir a panaceia universal, ou remédio contra todos os males físicos e morais, e a pedra filosofal, que deveria transformar os metais em ouro; espagiria, espagírica”.

Veja a letra e ouça a música na voz de Jorge Bem Jor :

Os alquimistas

Estão chegando

Estão chegando

Os alquimistas

Eles são discretos

E silenciosos

Moram bem longe dos homens

Escolhem com carinho

A hora e o tempo

Do seu precioso trabalho

São pacientes, assíduos

E perseverantes

Executam

Segundo as regras herméticas

Desde a trituração, a fixação

A destilação e a coagulação

Trazem consigo, cadinhos

Vasos de vidro

Potes de louça

Todos bem e iluminados

Evitam qualquer relação

Com pessoas

De temperamento sórdido

De temperamento sórdido

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Finados e finitude

por Luis Borges 7 de novembro de 2022   Pensata

Esta pensata foi escrita na manhã da quarta-feira 2 de novembro, dia de finados, em meio a muita introspecção e lembranças de tanta gente que partiu, a começar pelos familiares.

Finados traz sempre mais uma oportunidade para a reflexão daqueles que querem levar em consideração a finitude da vida e outros temas a ela associados. Se consultarmos o site Cerejeiras, veremos que “Finados” nos leva ao verbo “finar”, que vem do latim “finis” ou seja: acabar, finalizar, encerrar. O significado gramatical de finados seria então algo que finou, findou, acabou, morreu.

Mas porque se preocupar muito ou pouco com os aspectos ligados à duração da vida, ao seu fim e ao que virá depois da morte?

Como será que foi o tempo antes do início da vida? Ou, simplesmente, de onde viemos e para onde vamos? De qualquer maneira, com ou sem explicações satisfatórias, vale lembrar que na cultura dos povos, a começar pelos cristãos, os mortos são rememorados desde o século I depois de Cristo. Já no ano 998 (século X), foi criado na França o Dia de Finados, em 2 de novembro, na sequência do Dia de Todos os Santos, e a partir do século XI a igreja católica reforçou a necessidade da existência de um dia para se lembrar de todos os mortos.

No Brasil, a Lei nº 10.607 de 19 de dezembro de 2002 foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso estabelecendo como feriado nacional o dia dos finados.

Conforme o dia da semana, dá até para emendar com feriado específico que comemora o dia dos servidores públicos da União Federal, Estados e Municípios. Nesse ano, vários foram os casos em que o feriado do dia 28 de outubro foi transferido para o dia 31 e emendado com o dia 01, que se somou ao dia 2, e tudo só voltou ao normal na quinta-feira dia 3, após 5 dias de descanso. No Brasil, uma parte expressiva da população passa o dia um pouco mais introspectiva lembrando os finados entes queridos.

Para muitos faz parte do ritual uma visita aos cemitérios, a colocação de flores nos túmulos, acendimento de velas e as preces pelas almas.

No meu caso específico, a partir do século XXI, passo o dia de finados em casa, portanto não vou mais a cemitérios nessa data.

Minha memória fica sempre muito aguçada nesse dia ao me lembrar de tanta gente querida que partiu para o outro plano espiritual em diferentes idades e circunstâncias. Ainda agora estou saindo do luto pela partida de minha mãe Lazinha, há quase três meses. Enquanto morou em Araxá, ela sempre levava flores para homenagear e enfeitar os túmulos de sua mãe e sua sogra, as duas Anas minhas avós, cujos corpos foram sepultados no cemitério das Paineiras. Ao pensamento também vem o meu pai Gaspar Borges, que foi embora há 10 anos, o sogro Lalado, que embarcou há 12 anos, a tia Landinha, que nos deixou há 25 anos, e a sogra Violanta, que foi embora tão cedo, há exatos 27 anos. É claro que são inúmeras as lembranças e saudades de tantas outras pessoas cujos nomes ocuparia um enorme espaço nesse texto, mas sempre serão lembradas em função do convívio que tivemos.

Por último, fiquei também pensando ao longo do dia sobre os velórios dos corpos enquanto ritual de passagem desse plano para o outro, a duração do próprio velório, que foi bastante reduzida após a pandemia da covid-19, o sepultamento dos corpos ou a sua cremação. Enfim, cheguei a pensar na minha própria finitude, mas acabei afastando do pensamento um pouco depois de seu início ao me lembrar que estou sem pressa. Entretanto, espero ter o merecimento de partir subitamente quando chegar a minha hora. Que assim seja!

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