Algumas preocupações de janeiro

por Luis Borges 20 de janeiro de 2020   Pensata

O tempo prossegue caminhando firme para a frente, com muita determinação e sem parar para descansar ou reclamar. Seu medidor mostra que mais da metade do mês de janeiro já foi embora. Foi tudo tão rápido, incrivelmente rápido, que mal dá para lembrar os desejos de “Feliz Ano Novo” com saúde, paz e sonhos realizados. Se muitas eram e ainda são as expectativas, várias até bem maiores que a realidade, o fato é que a cada dia surgem novas preocupações diante do acentuado ritmo de mudanças que acontecem e se sucedem. Isso só faz aumentar a inquietude de nossas mentes visando um melhor posicionamento para responder bem aos desafios que vão surgindo.

Muitas preocupações ficaram para trás no tempo, mas não tem como ser esquecidas. Uma delas é a pífia recuperação da economia que resulta em 12 milhões de pessoas desempregadas e deixa em evidência o aumento da carestia na alimentação, na saúde, no lazer… Isso ficou evidente com a divulgação dos índices inflacionários do ano passado em que os salários em geral perderam poder de compra. A título de ilustração basta olhar para o novo salário mínimo, que inicialmente ficou abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, e que acabou sendo corrigido às pressas para ficar minimamente compatível com a Lei que, aliás, não prevê ganhos reais para recompor o poder de compra perdido ao longo do tempo.

E se agora cada um de nós começar a listar as preocupações com os fatos que aconteceram nesses primeiros 20 dias e que podem impactar negativamente o orçamento financeiro do ano? De cara, para quem mora em Belo Horizonte, já existem os decantados gastos com o IPTU, IPVA, quitação de multas de trânsito, material escolar e anuidades escolares aumentadas acima da inflação.

Será que deve ser alta a preocupação com os rumos que tomarão as relações entre Estados Unidos, Irã e Iraque e seu impacto na produção, logística de distribuição e preços do petróleo que sustenta os países do Oriente Médio? Será que teremos que pagar mais caro ainda pela gasolina, óleo diesel e gás de cozinha? Dá para imaginar o automóvel parado em casa 3 dias por semana? Será que o liberalismo econômico vigente vai ter coragem de tabelar esses preços como fez com os juros bancários de 8% para os cheques especiais?

Na minha lista também preocupa a vontade de aumentar a já altíssima carga tributária que sempre passa pela cabeça de governantes e parlamentares. Isso vai desde a energia solar, cujo uso avança pelo país, e pela não correção da tabela do imposto de renda da pessoa física, que está defasada em 104% acumulados nos últimos 24 anos.

Também causa preocupação e desconforto o calor intenso e a medição da temperatura variando de 31ºC a 35ºC, à qual deve-se acrescer algo em torno de 5ºC para incluir a sensação térmica. Não menos preocupantes são as chuvas fortes, rápidas e de alta vazão, trazendo alagamentos, enchentes, deslizamentos de terra, destruição e mortes. Aliás, essa cena se repete todo início de ano e se tornou um problema crônico que nenhum prefeito consegue resolver, entra ano, sai ano. O calor e a chuva também trazem a preocupação e a facilitação para a proliferação de doenças como a dengue, zika vírus e a febre chikungunya.

Mais preocupação vem só de pensar no aumento dos preços dos planos de saúde – sempre bem acima da inflação, medicamentos, transporte coletivo – nas mãos da justiça e a última parte da tarifa do metrô.

Ah! Eu poderia dizer que chega de preocupações, mas é impossível não se preocupar apesar de todo o realismo esperançoso. Basta olhar o orçamento de gastos e verificar que ele exigirá cortes, ainda mais para quem não tem recebíveis do nióbio para negociar.

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