A abstenção nas eleições municipais e pesquisas de intenção de voto

por Luis Borges 11 de outubro de 2024   Pensata

Em pronunciamento na noite do domingo, 6 de outubro, a Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, presidente do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, enalteceu a normalidade durante a votação para a escolha de Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores nos 5569 municípios brasileiros com pouco mais de 156 milhões de pessoas aptas a votar.

Entretanto, ela lamentou que a média das abstenções foi de 21,7% e conclamou a todos para participar das eleições nos municípios que terão votação para prefeito no segundo turno, em 27 de outubro. Mas é importante lembrar que a média citada pela Ministra máscara a variabilidade do processo.

No município de Belo Horizonte a abstenção foi de 29,54%, em Porto Alegre 31,5%, Rio de janeiro 30,5% e Araxá 25,8%, por exemplo.

Ao constatar a enorme abstenção, fico pensando nas pesquisas de intenção de votos feitas por institutos de diversos portes, cuja grande maioria não mede a abstenção, apesar do voto ser obrigatório.

Considero as pesquisas como um retrato de cada momento do processo eleitoral e suas informações, nos cortes e recortes, podem contribuir para a tomada de decisão do eleitor sobre sua votação.

Aliás, desde 2021 tenho abordado a abstenção nas eleições e voltei ao assunto no final de agosto desse ano, sugerindo que primeira pergunta da pesquisa deveria ser sobre a intenção do eleitor de comparecer às urnas, principalmente nas quatro semanas que antecedem o pleito.

O instituto Datafolha e a Quaest divulgaram no dia 5 de outubro, no final da tarde e início da noite, respectivamente, os dados de suas últimas pesquisas de intenção de votos antes da eleição. Na modalidade de Pesquisa Estimulada o Datafolha mostrou votos Branco/Nulo/Nenhum: 5% e Não Sabe: 4%. A Quaest mostrou em Banco/Nulo/Não vai votar: 8% e Indecisos: 3%.

Observando os resultados finais divulgados pelo TSE verifica-se uma abstenção de 29,54% (588.699 eleitores), votos nulos 5% (70.263) e brancos 4,72% (66.228). Cerca de 1,992 milhão de eleitores estavam aptos a votar.

Meu ponto aqui é mostrar a importância do aprimoramento da metodologia das pesquisas para melhor captar a intenção dos eleitores que pretendem se abster da votação. Os números finais da eleição mostraram a expressividade da abstenção para serem deixados de lado ou serem incluídos numa categoria juntos com votos nulos e brancos. Caro leitor, na sua opinião, quais são as causas dessa enorme abstenção no primeiro turno da eleição em Belo Horizonte?

Seria pelo desencanto com os políticos e seus partidos ou por não perceber diferenças significativas entre os principais candidatos e suas propostas para solucionar os piores problemas enfrentados pela população?

Luis Borges

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