A Petrobras é só a ponta do iceberg
Na definição mais simples que encontrei, sistema é um conjunto de partes interligadas. Assim, tudo o que esta vindo à tona na operação Lava Jato da Polícia Federal pode ser considerado como a ponta de um iceberg, de um sistema chamado Petrobras.
A República acaba de fazer 125 anos, embora ainda distante das melhores práticas inerentes às atitudes republicanas. Transparência continua muito difícil, mesmo com a Lei de Acesso à Informação. Se tenebrosas transações vão sendo reveladas nesse caso específico da Petrobras, onde o clube das empreiteiras é hegemônico no cartel dos fornecedores, imagine no restante do país.
O Brasil tem em sua estrutura organizada em prol dos serviços públicos, a União, vinte e seis estados e um Distrito Federal, 5.562 municípios, com igual número de assembleias legislativas estaduais e Câmaras Municipais. Também é bom lembrar que existem três poderes independentes, centenas de empresas estatais e milhares de servidores contratados via concurso público ou pelo recrutamento amplo.
Um bom exercício é estabelecermos uma ordem de grandeza, para termos uma dimensão da quantidade de pessoas jurídicas que fazem negócios com toda essa estrutura, como fornecedores ou clientes. Dá para pensar no volume de recursos financeiros envolvidos e na quantidade de pessoas intermediando os processos desses negócios? Claro que tudo regado por uma grande carga tributária.
Por isso esse é um bom momento pra nos lembrarmos da música “Brasil”, de Agenor de Miranda Araujo Neto, o Cazuza, que viveu 32 anos nesta terra. Ele queria saber qual era o negócio do Brasil. O desafio continua e o momento é propício. Que venha a democracia participativa e que todos mostrem as suas caras.
Brasil Letra retirada deste link Não me convidaram Pra essa festa pobre Que os homens armaram pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que já vem malhada antes de eu nascer Não me ofereceram Nem um cigarro Fiquei na porta estacionando os carros Não me elegeram Chefe de nada O meu cartão de crédito é uma navalha Brasil Mostra tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim Não me convidaram Pra essa festa pobre Que os homens armaram pra me convencer A pagar sem ver Toda essa droga Que já vem malhada antes de eu nascer Não me sortearam A garota do Fantástico Não me subornaram Será que é o meu fim? Ver TV a cores Na taba de um índio Programada pra só dizer "sim, sim" Brasil Mostra a tua cara Quero ver quem paga Pra gente ficar assim Brasil Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim Grande pátria desimportante Em nenhum instante Eu vou te trair (Não vou te trair).