Viver “apertado”

por Convidado 11 de fevereiro de 2020   Convidado

* por Sergio Marchetti

Uma das coisas mais surpreendentes nestes novos tempos é a moda. Melhor dizendo, a indústria da moda.

Num mundo em que o consumismo supera qualquer pensamento mais equilibrado, a moda – a exemplo de automóveis e aparelhos de televisão, smartphones, vestuário e tantas coisas mais – parece não dar trégua à população. Antes dos computadores, um modelo de roupa durava anos a fio. Quando assistimos a cenas de filmes das décadas 1920, 1930, 1940, 1950, observamos que os ternos, os cortes de cabelo, os calçados eram muito parecidos e perduraram.

Mas, com a tecnologia, a massificação encontrou um corredor aberto para lançar modas a cada trimestre. E o apelo traz, em sua forma democrática, a liberdade de usar bermuda para homens e mulheres, shorts, saias, vestidos, macacões e etc. Cabe, entretanto, uma observação: o evento define o traje. Será? Deveria ser. Isso não fere o tão proclamado e já antipatizado e “hipocritatizado” estado democrático de direito. Mas vamos nos ater à moda?

Tudo pode? É óbvio que não. Quando vamos a um casamento devemos ter em mente que os noivos investiram tempo, dinheiro e, de certa forma, estão realizando um sonho e querem uma cerimônia para ser eternizada como um momento de esplendor. Então não vá de chinelo (no vocabulário de alguns, de chinela) e bermuda. Sendo homem, vista o seu terno ou um blazer e deixe sua bermuda descansar. Permita que os olhos de terceiros sejam poupados de ver suas pernas desprovidas dos requisitos de beleza.

Falando em terno, há uma incoerência quanto à liberdade e também conforto. Em tempos de liberdade, incoerentemente, a indústria da moda masculina definiu de forma ditatorial que os paletós tem que ser de dois botões, apertadíssimos, curtos, mal permitindo que o pobre usuário estique os braços. E, para completar o conjunto, acompanham calças de cós baixo, desconfortavelmente justas, e que deixam as meias à mostra. Conforto zero, estética zero. Que péssima ideia, a de acabar com os paletós de três botões. E quem cometeu esse crime? Certamente alguma pessoa que não usa ternos, não sabe o que é elegância, desconhece o que é se vestir com conforto e não tem senso de ridículo.

Ora, meus caros e persistentes leitores, vocês já notaram que abotoa-se sempre um botão a menos? No terno de dois botões, quem tem uma barriguinha, por mínima que seja, não tem como não exibi-la. E a ponta da gravata aparece embaixo, completando a deselegância. Nem os desbarrigados, sarados e de corpos esbeltos conseguem ter elegância vestindo roupas tão apertadas e curtas.

Quando olho para vários desses senhores vestindo terno me parece que estão envoltos em embalagem para festa. Tenho a impressão de que seus troncos são muito largos para as pernas. Aparentam estar vestidos com um barril. Alguns me remetem à imagem de um barril com pés palitos.

É… você pode estar se perguntando se eu entendo de moda. Não entendendo nada. Mas tenho uma enorme noção de conforto. Também tenho discernimento suficiente para distinguir o feio do belo, e o mau gosto do que é elegante.

Diante das discrepâncias que tenho assistido e das gafes que são comuns nas festas, aconselho aos homens e mulheres que estiverem na dúvida sobre qual traje devam usar que pesquisem num site de moda ou consultem um ou uma especialista.

Um conhecido me contou que um incauto, amigo dele, se inspirou num programa de moda da televisão e apareceu na festa com blazer verde, calça vinho – que deixava a “canela” de fora – uma gravata que tinha mais flores do que os canteiros da Praça da Liberdade e, ainda, um sapato social sem meia. Era uma cerimônia ou um circo de horrores?

Como última recomendação aos homens, indico um terno cinza escuro e uma camisa branca que servem para todas as ocasiões. Lembre-se de que, em termos de moda, há uma máxima que diz que “o menos é mais”.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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