Os mestres que não esquecemos (“Ao mestre com carinho”)

por Convidado 15 de julho de 2022   Convidado

por Sérgio Marchetti

Hoje, resolvi dedicar algumas horas da minha vida revendo livros, papéis e pastas com as lições de uma pessoa que me foi muita querida. Mas, antes de dar detalhes, quero compartilhar com vocês um pouco de minha história — que não é somente minha — porque ninguém realiza uma história sem ajuda de outros atores. Aqueles que pensam que fizeram tudo em carreira solo, certamente estarão sendo injustos com muitos personagens e figurantes de suas vidas.

Muitos de vocês talvez não saibam, meus sábios leitores que, paralelamente à área de Recursos Humanos, antes da Qualidade, Gestão e outras áreas, fui iniciado na oratória. A História começa quando eu, ainda jovem, ocupava a gerência de Recursos Humanos de uma empresa. Num daqueles dias, o Presidente da Empresa mandou me chamar para que eu programasse um curso intensivo de oratória para todos os gerentes de departamentos e divisões. Naquele momento, fui apresentado ao Professor que mudaria a minha vida. Com um sorriso largo e uma simpatia cativante, me agradeceu pela atenção com que o tratei.

O curso foi programado e, embora tenha me confidenciado com o Professor sobre minha timidez, ele disse que me sairia muito bem. Não nego que passei meus apertos, tive acanhamento, nervosismo, sudorese e outras manifestações de meus neurotransmissores inibitórios. Mas fui dedicado, disciplinado e, mesmo não me autoavaliando bem, ganhei a admiração do Mestre que, para minha sorte, veio trabalhar na área de comunicação da Companhia.

Como acredito que oportunidades são raras, não as desperdicei. Fui me aprimorando na oratória, criando meus métodos e cheguei a escrever Falar em Público e Comunicar… é só começar, livro autografado pelo saudoso Mestre da oratória.

O tempo passou, o acaso nos fez reencontrar em eventos comuns para colocarmos nossa conversa em dia. Depois, veio novamente a distância e, somente há cerca de uns quatro anos, recebi seu telefonema me convidando para tomar um café em sua casa. Fiquei extremamente honrado e feliz pelo convite. Foi uma prosa demorada e, na oportunidade, o Professor me falou com tristeza e pesar sobre sua viuvez. Mas ainda tinha planos e me deixou admirado pela vontade de continuar realizando seus cursos e projetos, apesar de estar com a idade avançada.

Ao sair de sua casa, nos prometemos não ficar tanto tempo sem nos falarmos. Porém, no mês passado, já há algum tempo sem notícias, antes de ligar para ele, resolvi fazer uma pesquisa sobre oratória. Aí, caros leitores, tive uma surpresa, ao me deparar com um texto, escrito há cerca de dois anos, por Reinaldo Polito, um dos mais conhecidos professores de comunicação oral do Brasil, lamentando o falecimento de seu amigo Olto Mariano dos Reis.

Não sei como não fiquei sabendo antes, mas, por isso, hoje me dediquei a rever seus trabalhos e homenageá-lo com um agradecimento eterno por ter sido um orientador, um mestre e um amigo que me proporcionou o aprendizado da arte de comunicar. E, graças a ele, como professor, sinto um enorme orgulho de ter treinado, em cursos de graduação, pós-graduação, treinamentos e orientações individuais, inclusive fora do Brasil, mais de 25 mil pessoas em oratória.

Retransmito em parte, abaixo, algumas de suas palavras no prefácio que me ofertou. E, por não saber absolutamente nada dos mistérios da transcendência, só posso enviar o meu abraço saudoso, pleno de energias para que meu amigo, aonde estiver, descanse em paz e receba todas as manifestações da minha gratidão:

“(…)O Professor Sérgio Marchetti, com larga experiência em treinamento em várias empresas e entidades é como esses bandeirantes que abrem picadas, descobrem novos caminhos, e depois voltam inúmeras vezes para rever, sentir que o mato não cresceu, não tomou conta do espaço. Assim, através de suas dificuldades, de suas experiências, ele vai nos passando conhecimentos como em um filme; prende o nosso interesse e vai estimulando a nossa imaginação(…)”

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