O tempo e o vento

por Convidado 22 de março de 2020   Convidado

* por Sergio Marchetti

Acho este título simples e maravilhoso. Já tive a oportunidade de dissertar sobre o tempo. Mas o tema é inesgotável. Quantas coisas se escondem sob o tempo e o vento de nossas vidas. Quanta saudade, tantas lembranças, pessoas que se foram com o vento – que sopra, incessantemente, empurrando o tempo. E, assoviando, vai nos levando para outro caminho, para a transcendência talvez, assim como a fonte de Vicente Carvalho levava a flor para o mar:

“Deixa-me fonte”. Dizia. / a flor, tonta de terror. E a fonte, sonora e fria/ cantava, levando a flor. / “Deixa-me, deixa-me fonte”!/  Dizia a flor a chorar/ “Eu fui nascida no monte…/ não me leves para o mar”…

Ah! Que saudade do tempo que ouvi esta poesia. Era o início de tudo para mim, num mundo que andava mais devagar. Mas hoje, infelizmente, não vou falar de poesia, nem sobre a série literária de romances históricos do fantástico escritor brasileiro Érico Veríssimo, que tem exatamente o título acima. Seria proveitoso lembrar de Ana Terra e de Rodrigo Cambará. Também poderia mencionar músicas como a do Legião Urbana que demonstra a dificuldade de ver o tempo passar:

Todos os dias quando acordo/ não tenho mais o tempo que passou…”

O que me inspira neste momento é o tempo que passa como vento por nós. Sim, meus caros e passantes leitores. O tempo está voando e todos nós estamos sentindo uma angústia por não conseguirmos controlar os dias e os anos de nossas vidas. Estaria acontecendo uma mudança nos movimentos de rotação e translação da Terra? Talvez sim. Mas se assim for, não teremos como dominar o fenômeno. Ora, então, constato que seria uma enorme perda de tempo tentar governar os movimentos da terra.

Há, no entanto, outros caminhos, novas possibilidades e incontáveis alternativas para usufruirmos do tempo de maneira proveitosa e mais útil. Acredito que podemos repensar na forma como o gastamos. Todas as noites, ao findar o dia, são depositados em nosso banco da vida 86.400 segundos para que os utilizemos da melhor maneira que puder. Porém, tempo não acumula e nem recupera.

Vale refletir também sobre o tempo físico e o tempo psicológico. Momentos de prazer tendem a nos parecer que passam mais rápido. Já os minutos desagradáveis de espera, de tensão nos chegam como se fossem meses e não horas. Num jogo de futebol, quando nosso time sofre um gol aos 30 minutos do segundo tempo, os 15 restantes nos parecem bem menos, enquanto que para a torcida adversária o tempo não passa.

Falando em tempo físico, reforço a tese de que o excesso de opções seja um dificultador de nossa gestão. E, hoje, não faltam instrumentos que tanto ajudam quanto atrapalham nossa qualidade de vida. Há alguns anos a televisão tinha quatro canais. Hoje tem 500. Tínhamos uma ou duas marcas de lâminas de barbear. Pasta de dente (o dentifrício da Dilma) também se resumia a duas ou três marcas. O trânsito fluía e entre tantos etcs. não possuíamos  smarthphone  que, se mal utilizado, é fator determinante de improdutividade.

O que fazer para restaurar nossa organização e qualidade de vida? Bem, comece identificando os vilões. Quais são os ladrões de seu precioso tempo? Temos também algumas palavras que, se transformadas em atitudes, podem compor a fórmula mágica do sucesso e alcançar a tão almejada eficácia: planejamento, prioridade, disciplina, produtividade e foco.

Simples? É simples mesmo. Mas carece de força de vontade para começar.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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