Glaucoma – cegueira irreversível e evitável

por Convidado 1 de junho de 2015   Convidado

por Joel Edmur Boteon*

O glaucoma é uma afecção ocular que causa cegueira irreversível. O diagnóstico precoce, através do exame oftalmológico anual, é imprescindível para manutenção da visão, o que é possível graças à evolução no tratamento clínico e cirúrgico desta afecção.

Os pacientes pertencentes aos fatores de risco, como familiares de portadores de glaucoma, etnia negra, altos míopes e altos hipermétropes, diabéticos, e traumatizados oculares, precisam fazer sempre os exames preventivos, considerando que o avançar da idade também é fator de risco.

Muitos pacientes não estão cientes da hereditariedade do glaucoma, não orientando os membros de suas famílias para exame de triagem para essa afecção.

Durante o exame oftalmológico, os dados da história clínica, a medida da pressão intraocular (tonometria), a visualização biomicroscópica (da presença de alterações da córnea, do cristalino, e da câmara anterior do olho) e do fundo de olho (forma, cor e escavação do disco óptico), orientam para a necessidade de investigação especializada para o glaucoma. A pressão intraocular considerada normal fica entre 10 e 20 mmHg, variando durante o dia.

Para confirmar o diagnóstico de glaucoma e seu controle, solicita-se a paquimetria da córnea (medida da espessura da córnea), a curva diária de pressão intraocular, a retinografia (fotografia colorida do fundo de olho), a determinação do campo visual computadorizado e a gonioscopia (exame do ângulo em que a íris encontra a córnea).

O diagnóstico precoce no glaucoma é fundamental para a preservação da visão. Novas tecnologias têm sido desenvolvidas nesse sentido. O OCT (tomografia de coerência óptica) é mais uma arma nesse arsenal, e seu aprimoramento pode trazer benefícios para um melhor controle da doença. O OCT fornece medidas automáticas do disco óptico (nervo óptico visto no exame do fundo de olho), da rima neural, da escavação do disco óptico, da razão horizontal e vertical da relação escavação-disco, e das medidas da CFNR (camada de fibras nervosas da retina).

Existem vários tipos de glaucomas: os primários e os secundários, os de ângulo aberto (ângulo onde a íris encontra a córnea é amplo e aberto) e os de ângulo fechado (ângulo onde a íris encontra a córnea é estreito ou fechado). O glaucoma mais comum é o glaucoma crônico primário de ângulo aberto.

No glaucoma agudo de ângulo fechado a pressão sobe rapidamente e o paciente percebe halos coloridos ao redor de focos de luz, sentindo dor ocular, náuseas, vômitos e baixa de visão. Trata-se de uma emergência.

No glaucoma de pressão baixa ou normal o olho apresenta alterações glaucomatosas com pressão normal ou baixa.

O glaucoma congênito ocorre em recém-nascidos. A criança apresenta fotofobia (sensibilidade à luz), observando-se as córneas turvas e aumentadas em diâmetro. O tratamento deve ser o mais precoce possível.

Entre os glaucomas secundários temos o glaucoma pigmentar, o pseudoexfoliativo, o traumático, o neovascular, o cortisônico (causado pelo uso de colírios com corticoide) e outros.

O manuseio do glaucoma depende do controle rigoroso da pressão intraocular, que pode ser obtido pelo uso de colírios antiglaucomatosos e/ou por tratamento a laser ou cirúrgico.

O controle do glaucoma deve ser avaliado a cada três ou seis meses, se a pressão intraocular (PIO) estiver normalizada, seguindo as recomendações do especialista em glaucoma – o glaucomatólogo.

A aderência ao tratamento é fundamental para conservação da visão.

*Médico, Doutor em Oftalmologia, professor e Diretor Técnico de Transplante de Córnea do Hospital das Clínicas da UFMG.

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