Caos iminente
* por Sérgio Marchetti
É voz corrente, quase unanimidade, dizendo que está faltando gentileza no mundo. Talvez a explicação mereça estudo mais profundo para entendermos o porquê de testemunhar atitudes de tantas pessoas grosseiras, mal-educadas, arrogantes que apostam todas as suas fichas no poder que, muitas vezes, foi adquirido por apadrinhamento ou por vias nada convencionais. Lamentavelmente falta mais do que conduta gentil – faltam respeito, educação e honestidade.
Também nas organizações o relacionamento é ruim e a confiança anda em baixa. Porém, em minha humilde visão, o que presumo é que grande parte do nosso passado tenha sido assim. Antes, o que definia o poder era a força física e a hierarquia dos grandes reinos – que também se valiam da força para roubar os mais fracos. Depois, a humanidade se educou e alcançou melhoria expressiva. Mas não durou muito.
Vocês devem estar pensando: mas tanta coisa mudou. Sim, os valores mudaram muito, mas as pessoas continuam se valendo da posição que alcançaram e sentindo o “gosto” de dar ordem – eu mando e você obedece – independentemente de saberem menos do que o outro sobre determinado assunto. O que prevalece é o poder e não a autoridade. Mas felizmente todos sabemos que jabuti não sobe em árvore.
Dessa forma, os feitores pós-modernos defendem, na teoria, o trabalho em equipe e proferem palavras falsas de sentimento de time. Isso mesmo. O que se esquecem é de que as atitudes devem ser fieis ao discurso, pelo simples fato de que as pessoas percebem mais a força das ações do que das palavras.
O filósofo iluminista, Denis Diderot, afirmou que “a prosperidade descobre os vícios, e a adversidade, as virtudes”. Entretanto, em meio a tantos problemas, não estamos conseguindo ver nada muito virtuoso. E “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Ora, meus persistentes leitores, sabemos por diversas pesquisas e variadas fontes que a doença do século já é a depressão e que será ainda mais intensa nos próximos anos. Pudera! O que assistimos é o enfrentamento de pessoas, de mulheres contra homens e vice-versa, onde predomina o jogo de interesses que os tornam demasiadamente incoerentes e agindo contra si.
O que pode salvar o mundo é a união e não a ruptura. O que faz um casal feliz é a soma das diferenças, a intercessão e não a competição. O que faz uma nação ser forte é um trabalho com foco e um povo convergente. Mas há forças veladas e oportunistas que desejam o caos, pois agem na surdina, na confusão e na escuridão.
É tão triste constatar que a insensatez humana chega ao ponto de as pessoas se sentirem mais felizes com a derrota dos rivais do que com a sua própria vitória.
* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.