Alô! Alô! Aqui quem escreve é um humanoide

por Convidado 10 de junho de 2018   Convidado

* por Sérgio Marchetti

Já tive a oportunidade de escrever que estamos vivendo o momento das maiores mudanças de que se tem registro em toda a história do universo. Sei que já mencionei minhas dúvidas e inquietações sobre o caminhar da humanidade. Mas me dou o direito de repetir algum ponto de vista, pois os jornais televisivos repetem as mesmas falcatruas diariamente e têm audiência.

Estamos no meio de uma grande tempestade. Quando vier a bonança (se vier) muita coisa estará definitiva e irremediavelmente transformada. Mas a tempestade intitulada de mudança não cessará. Viveremos uma metamorfose perene que ninguém sabe aonde irá nos levar, nem como seremos depois do dia “D”. Desculpem-me, dia “D“ é coisa de humano e não de humanoide.

O que sabemos é que, desde o advento da revolução tecnológica, as ondas se multiplicaram de tamanho e, além de assumirem proporções gigantescas, – verdadeiros Tsunamis – possuem também uma rapidez jamais vista pelos habitantes do planeta. Os valores, as condutas, os credos, os dogmas – tudo mudou. Há apenas 20 anos uma pequenina parcela da população brasileira usava telefone celular. Hoje, só para exemplificar, numa faculdade o uso é de 100% de alunos. E nos próximos dez anos? E daqui a vinte anos? Eu não tenho a resposta. Mas sei que enquanto evoluímos com a tecnologia, o relacionamento entre seres humanos piora bastante.

Com alegria, um aluno me disse que cada um de nós – que nos encontrávamos numa sala de aula em Porto Alegre – estava sendo monitorado 24 horas por dia. E, mesmo sabendo que é verdade, fiquei pensativo quanto à questão da privacidade das pessoas.

Mas é um caminho sem volta. Não sou louco de dizer que a tecnologia é algo ruim. Não é. Pelo contrário, trouxe e continuará trazendo soluções em todas as áreas e segmentos, e será fundamental ao aumento da nossa longevidade. A história do mundo será dividida em antes e depois da tecnologia. Contudo, há um movimento insano de deslumbramento de uma multidão que marcha sem rumo certo em busca do novo – sabendo que “o novo” pode ser a desumanização. Falta-lhes a temperança.

A ficção tornou-se realidade. Filmes como “Blade Runner”, “Inteligência artificial”, “Ex-machina” e outros mais antigos, como “Perdidos no Espaço”, tornaram-se reais. Teremos que aprender a conviver com os robôs.

Robô babá; robô para terapia de autistas; cachorro robô (Golden Pup); robô doméstico; robô sexual (Rodofilia – tomara que não deem choque). Este último já está gerando muitas discussões éticas e do “politicamente correto” (acho este termo tão estranho, parece que as palavras não cabem na mesma expressão). Sob meu ponto de vista é uma concorrência desleal conosco, pois esses humanoides não terão alterações de humor e de hormônios que tanto trazem mal-estar ao ambiente de trabalho. Os robôs não envelhecem, não implicam, falam pouco…

A C&S (C&S Wholesale Grocers Inc.) é a maior distribuidora por atacado para supermercado nos Estados Unidos. No seu centro de distribuição em Newburgh, New York, mais de 100 robôs transitam livremente pelos corredores. Alcançam velocidades de 40 km/h no escuro e utilizam braços mecânicos portáteis para colocar ou retirar caixas de prateleiras a um ritmo de uma caixa por minuto – quase cinco vezes mais rápido do que os humanos costumam fazer. Dois ou mais hospitais na Bélgica já utilizam o robô humanoide Pepper para auxiliar seus pacientes.

Enfim, o novo mundo. Dos livros de ficção para as telas, e das telas para a vida real.

* Sérgio Marchetti é educador, palestrante e professor. Possui licenciatura em Letras, é pós-graduado em Educação Tecnológica e em Administração de Recursos Humanos. Atua em cursos de MBA e Pós-Graduação na Fundação Dom Cabral, B.I. International e Rehagro. Realiza treinamentos para empresas de grande porte no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br.

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